I Congresso da Europacolon Portugal em Oncologia Digestiva

Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia defende inversão de políticas que limitem o acesso do cidadão aos rastreios

No âmbito do I Congresso da Europacolon Portugal em Oncologia Digestiva, a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia deu enfoque à urgência na adoção de medidas que promovem o acesso dos cidadãos aos exames de rastreio e diagnóstico, com vista à redução drástica do elevado número de mortes por cancro do aparelho digestivo que, só em Portugal, faz uma vítima por hora.

“A atitude preventiva no combate ao cancro digestivo deve ser encarada como um desígnio nacional da política de saúde, a par de uma clara inversão das políticas de redução e exaustão dos recursos hospitalares que inviabilizam a prossecução das Normas de Orientação Clínica (NOC) da Direção Geral de Saúde, nomeadamente do rastreio do cancro do cólon e reto.” Estes são alguns dos alertas que a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG) deixou no I Congresso da Europacolon Portugal, cujo primeiro dia teve lugar hoje na Fundação Dr. António Cupertino de Miranda, na cidade do Porto.

De acordo com José Cotter, Presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, “o cancro digestivo é um problema de saúde pública que engloba um grupo de cinco tumores malignos com uma elevada taxa de mortalidade. Em Portugal morre uma pessoa por hora, vítima de cancro digestivo, responsável ainda por 10% do total de mortalidade no nosso país.”

Para o Presidente da SPG, a tónica deve estar na prevenção, através de consultas médicas regulares e na realização dos exames adequados e no momento oportuno. Nesse sentido, defende o especialista, “é fundamental que a tutela adote medidas coerentes e não apenas baseadas em questões de índole estritamente económica”. José Cotter referiu-se concretamente à necessidade de o Estado respeitar para com os prestadores os compromissos recentemente assumidos, que permitem a realização de colonoscopias no sentido de desagravar as dificuldades de acesso a estes exames de diagnostico. Estes revelam-se fundamentais para o rastreio e prevenção do cancro do cólon e reto, que constitui a primeira causa de morte por cancro em Portugal. Só este tipo de cancro é responsável por quatro mil mortes por ano em Portugal, 11 portugueses por dia, vitimando cinco vezes mais que os acidentes de viação.

José Cotter acrescenta que “esta patologia, se detetada a tempo em fase precoce ou pré-maligna apresenta uma taxa de cura em 90% dos casos.”

“É preciso melhorar os números catastróficos e desoladores da incidência de novos casos de cancro digestivo”, reforça o Presidente da SPG. Para isso, defende ser “fundamental a persecução de políticas que criem condições de sustentabilidade seguras para os rastreios, sendo ainda crucial que se implementem auditorias à execução da NOC sobre o rastreio do cancro do cólon e do reto, indicado na população sem risco acrescido acima dos 50 anos, idade a partir da qual o aparecimento da doença aumenta significativamente.” Defendeu também a implementação organizada do rastreio do cancro do estômago e do fígado em indivíduos de risco.

Estes foram alguns dos temas em debate no âmbito da Oncologia Digestiva, no palco do primeiro Congresso organizado pela Europacolon Portugal, que assinala ainda o 10º Aniversário, neste ano corrente.

Fonte: 
LPM Comunicação
Nota: 
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