Cientistas dizem

Sangue universal está mais perto

Investigadores conseguiram remover quase todos os antigénios dos sangues tipo A, B e AB. Processo ainda tem de ser otimizado.

Desenvolver e produzir um sangue universal idêntico ao de tipo O, que já existe naturalmente nas veias de uma parte significativa da humanidade - 63% da população mundial tem sangue de tipo O -, é uma ambição antiga e vários grupos de investigação têm trabalhado sobre isso desde os anos de 1980, diz o Diário de Notícias. Agora, uma equipa de investigadores canadianos e franceses foi um pouco mais longe, usando um tipo de enzimas para "tratar" o sangue e o objetivo ficou bastante mais próximo.

O novo sangue ainda não está pronto para transfusões nem para ensaios clínicos, o primeiro de vários passos necessários para se poder utilizar um novo produto em medicina, mas os resultados publicados pela equipa coordenada por Stephen Withers no Journal of the American Chemical Society são os melhores até agora e são considerados muito promissores.

O problema da incompatibilidade sanguínea é este: além da estrutura química básica que é comum a todos os tipos de sangue, incluindo o O, os sangues de tipo A, B e AB contêm também uma espécie de resíduos chamados antigénios nos glóbulos vermelhos, que são específicos de cada um. É por isso que o sistema imunitário de uma pessoa com sangue de tipo A que recebe uma transfusão com sangue de tipo B considera este um corpo estranho, desencadeando-se um processo que pode levar à morte.

No caso do sangue de tipo O não existem quaisquer antigénios nos glóbulos vermelhos, pelo que as pessoas que têm este tipo sanguíneo são dadoras universais.

É aqui que os investigadores têm tentado chegar. O grupo de Stephen Withers usou uma nova abordagem, a evolução dirigida, para tentar remover os antigénios dos sangues de tipo A, B e AB e conseguiu removê-los quase todos, embora persistam alguns.

O processo utilizado envolveu uma bactéria, a Streptococcus pneumoniae, causadora de pneumonia, que foi cultivada ao longo de cinco gerações para produzir uma enzima que a cada nova geração se tornava mais e mais eficaz.

Cinco gerações depois, com efeito, a enzima já se tinha tornado 170 vezes mais eficaz, e foi essa enzima que a equipa depois utilizou para fazer "a limpeza" dos antigénios presentes nos sangues de tipo A, B e AB.

Embora os resultados obtidos sejam os melhores de sempre, ainda não foi possível remover os antigénios do sangue a cem por cento. O processo ainda tem por isso de ser otimizado, antes de se passar à fase seguinte, dos ensaios clínicos, mas este foi um passo mais.

Apesar de o sangue de tipo O ser o mais frequente a nível mundial, em Portugal isso não é assim. A maior parte da população portuguesa tem sangue de tipo A (46,6%), seguindo-se o tipo O, com 42,3%, o B (7,7%) e o AB (3,4%).

Fonte: 
Diário de Notícias Online
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro e/ou Farmacêutico.
Foto: 
ShutterStock