Universidade Católica Portuguesa desenvolve

Primeiro Consenso Estratégico Sobre o Valor da Imuno-Oncologia em Portugal

Atingir um consenso sobre o valor que a Imuno-Oncologia representa no tratamento da doença oncológica e estabelecer recomendações sobre como o Sistema de Saúde poderia evoluir no contexto deste avanço terapêutico. Foi com estes dois principais objetivos que três dezenas de peritos em Oncologia e estudo do cancro se reuniram no desenvolvimento do primeiro Consenso Estratégico Sobre o Valor da Imuno-Oncologia em Portugal.

Mediante a aplicação do “Método do Consenso”, o Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa (UCP) procurou encontrar entendimentos entre os principais atores ligados a esta problemática, representando a ciência, a prática clínica, a gestão da saúde, o poder político e os doentes, de forma a encontrar respostas para os novos desafios colocados pela Imuno-Oncologia e através da procura de eficiências do sistema, prestar a melhor assistência possível aos doentes. Em conjunto, os peritos procuraram perceber o valor e as eventuais vantagens que a Imuno-Oncologia representa, mas também a sua aplicabilidade, considerando o seu financiamento e a sustentabilidade do Sistema Nacional de Saúde.

De acordo com as recomendações dos peritos, as principais metas para a utilização da imunoterapia com sucesso são:

  • A criação de guidelines europeias e internacionais com aplicabilidade à realidade nacional, através da inclusão da sociedade civil, com o incentivo da comunidade científica na implementação;
  • A monitorização a longo prazo da utilização da imunoterapia. Reforma do sistema de saúde, tendo em conta a incidência e prevalência crescentes das doenças crónicas;
  • A criação de um registo oncológico nacional único.

O painel de peritos sugeriu como relevantes os seguintes pontos:

  • É necessário assegurar que todos os hospitais detêm e aplicam Protocolos de Diagnóstico, Estadiamento, Tratamento e Seguimento de doenças oncológicas.
  • A rede de referenciação em oncologia deverá tornar-se mais efetiva, otimizando os recursos disponíveis e a continuidade de cuidados, favorecendo a articulação entre os diferentes níveis de cuidados, com ganhos para os doentes.
  • Foram identificados como temas relevantes o subfinanciamento da oncologia e a iniquidade no tratamento dos doentes de acordo com a área de residência, relacionada com sobretudo com a distribuição dos recursos humanos.
  • A prestação de cuidados de proximidade é fundamental. Para que o acesso dos doentes seja melhorado, muitas modificações do sistema de saúde terão que ser introduzidas, começando pela formação dos futuros profissionais de saúde, incluindo ao nível dos cuidados primários.
  • Os registos de qualidade de vida têm que ser implementados e utilizados de forma disseminada e transversal.
  • O grande ganho da imunoterapia centra-se na forma como se conseguiu alterar o curso da doença, atingindo os dois objetivos primordiais do tratamento oncológico: prolongar a vida dos doentes com melhor qualidade de vida.
  • Tem-se conseguido demonstrar uma regressão sustentada e duradoura nalgumas situações, transformando alguns casos de doença agressiva em doença crónica, pouco sintomática. Apenas alguns tipos de tumores em determinados estadios de doença oncológica beneficiam destes fármacos, de acordo com as evidências atuais.
  • A tentativa de atribuir o caráter inovador à imunoterapia, deve-se ao impacto na sobrevivência nalgumas patologias observado até ao momento, apesar de estarmos ainda numa fase muito imatura de utilização destes fármacos pelo que estudos prospetivos deverão avaliar a eficácia e o perfil de segurança a longo prazo.
  • Este tipo de medicamentos não apresenta o típico perfil de toxicidade associado ao tratamento do cancro, sendo tipicamente melhor tolerado pelo doente, mas pode potencialmente desencadear outros efeitos adversos, nomeadamente reações e doenças do foro autoimune.
  • Nesta fase, é recomendável que o uso destes fármacos seja reservado a centros/unidades de oncologia com os recursos humanos e técnicos adequados à sua administração e monitorização (quer em termos de resposta tumoral, quer em termos de avaliação do doente a longo prazo).
  • A administração deste tipo de medicamentos deve ser registada em sistemas informáticos da entidade reguladora (ie, INFARMED/SINATS) que futuramente possibilitem a monitorização e o desempenho inerente associado, requisito fundamental para que o seu financiamento possa ser feito com base na criação de valor.
Fonte: 
Ogilvy
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.