Portugueses têm uma baixa literacia em saúde cardiovascular

Foi publicado, na Revista Portuguesa de Cardiologia, uma publicação científica da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, o estudo “Conhecimento sobre a doença cardiovascular em Portugal” cujo objetivo era caracterizar o conhecimento específico sobre a doença cardiovascular (DCV), nomeadamente o acidente vascular cerebral (AVC) e o enfarte agudo do miocárdio (EAM), da população portuguesa, de acordo com fatores sociodemográficos, literacia em saúde e história clínica. Foram avaliados 1624 residentes em Portugal continental, com idades entre 16 e 79 anos, através de entrevistas presenciais com questionário estruturado.
Conclui-se neste estudo que:
- Cerca de 30% dos participantes não respondeu ou não soube responder a questões relacionadas com o Risco de AVC ou de Enfarte Agudo do Miocárdio;
- A proporção de respostas não dadas é, aproximadamente, duas vezes maior em participantes mais velhos;
- Cerca de 30% dos participantes não conseguiram estimar o risco de AVC e EAM;
- Em média, os que responderam estimaram que 34,2% e 35,6% dos portugueses sofrerão um AVC ou um EAM durante a sua vida, respetivamente;
- 36,8% afirma que não fumar e 32,8% que fazer uma dieta saudável é um dos principais comportamentos para a prevenção da Doença Cardiovascular. No entanto, atribuem menos importância ao controlo da pressão arterial, apesar da enorme prevalência da hipertensão em Portugal;
- Menos de metade dos participantes respondeu que «telefonar para o 112» seria uma opção correta, perante a presença de sinais ou sintomas de eventos;
- Como consequência de um Acidente Cerebral Vascular, 90,7% considera como sequelas, a dependência nas atividades diárias, 89,8% nomeia as perturbações da fala e 86,4% a insuficiência cardíaca;
- Já para o Enfarte Agudo do Miocárdio 85,3% considera a dependência nas atividades diárias como maior consequência;
- Em geral, participantes com literacia em saúde adequada revelaram um conhecimento em saúde cardiovascular mais apropriado.
Verificaram-se importantes lacunas no conhecimento específico sobre a doença cardiovascular da população portuguesa. As estratégias e práticas de educação em saúde devem ser sensíveis às diferenças descritas de acordo com o nível de literacia em saúde, de forma a melhorar o conhecimento em saúde cardiovascular da população portuguesa.
As mais recentes recomendações para a prevenção da Doença Cardiovascular na prática clínica, sugerem que o reconhecimento de comportamentos saudáveis pode ser decisivo para ajudar os doentes a adotar estilos de vida saudáveis, através da implementação de uma alimentação correta, exercício físico, treinos de relaxamento, controlo do peso e programas de cessação tabágica, o que obriga a uma maior e melhor comunicação entre os doentes e os profissionais de saúde.
O estudo em causa reforça a necessidade que existe em criar ferramentas de análise e de promoção da «literacia em saúde», uma vez que, só assim é possível percecionar onde é possível intervir por forma a que o acesso à saúde seja maior e mais eficiente.
No Dia Mundial do Coração, e numa iniciativa qeu pretende promover uma maior literacia em saúde, a Sociedade Portuguesa de Cardiologia lança a campanha: Sabe que tipo de coração é o seu?
Cuidar, desde cedo, do nosso coração, é cuidar da forma como envelhecemos. Este é o mote da Sociedade Portuguesa de Cardiologia que, a 29 de setembro, no Dia Mundial do Coração, desafia os portugueses a responder a esta questão: “QUE TIPO DE CORAÇÃO É O SEU?” Teste o seu risco cardiovascular e fique a saber que tipo de coração é o seu. Esta é a mensagem que a Sociedade Portuguesa de Cardiologia está a disseminar, tentando com este teste virtual ajudar os portugueses a identificar o seu risco e propensão para o desenvolvimento de uma doença cardiovascular.
Se cuidarmos desde cedo do nosso coração, estamos a cuidar da forma como envelhecemos. A prevalência da Insuficiência Cardíaca, que afeta 13% da população portuguesa com idades compreendidas entre os 70 e os 79 anos, é uma das prioridades da Cardiologia nacional e está a aumentar de dia para dia. Se nada for feito no sentido de contrariar esta tendência, em 2030 terá atingido mais 33% de pessoas no nosso país.
Se, depois do teste somar duas respostas afirmativas, faz parte, infelizmente, dos 55% dos portugueses que têm pelos menos dois fatores de risco e, por isso, o seu coração está em risco e pode não estar capaz para uma vida saudável.