Ordem dos Médicos alerta

Política de saúde levará a mais demissões

O conselho regional do Sul da Ordem dos Médicos responsabiliza a tutela pelas demissões no Hospital Fernando da Fonseca, considerando que resultam da política de saúde baseada em regras financeiras e que conduzirá outros hospitais para a mesma situação.

A Ordem dos Médicos reagia assim em comunicado à decisão dos directores de serviço do Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra) colocarem os seus lugares à disposição, acusando a Administração e a Direcção Clínica de não terem em consideração as necessidades do hospital para levar a cabo a sua missão de tratar bem os doentes.

Numa referência à recente demissão de chefes de equipa de urgência do Garcia de Orta, o conselho do Sul da Ordem sublinha que esta é a segunda vez, num curto espaço de tempo, que médicos chefes de serviço se demitem por razões semelhantes: falta de condições de trabalho e défice do número de elementos das equipas.

“Uma política de saúde que se baseia nas regras financeiras teria que dar este resultado, era apenas uma questão de tempo. Podem as intervenções do ministro da Saúde, que nunca responde a questões essenciais de forma clara, dar a ideia de que um surto de gripe imoderado causa imensos problemas ao seu modelo de gestão dos serviços, mas a realidade é outra, é a de um caminho que conduzirá outros hospitais para situações semelhantes a esta”, afirma.

O conselho regional do Sul da Ordem dos Médicos responsabiliza os dirigentes políticos da saúde, orientados pelo ministro da tutela, e os gestores por eles nomeados – e não os médicos nem os outros profissionais de saúde – por este “caos no SNS [Serviço Nacional de Saúde] de que não há memória”.

A Ordem salienta que “a situação dramática” que se vive neste hospital, que esteve sem director clínico cerca de dois meses, estava prevista por estes médicos, que advertiram o Conselho de Administração e a Direcção Clínica em diversas circunstâncias.

“Mas a verdade é que o Hospital continuou a perder profissionais e revelou uma grave incapacidade de contratar”, afirma aquele organismo, acrescentando ter acompanhado “com atenção ocaso” e recebido denuncias que tentou resolver, mas que “caíram em saco roto”.

Para a Ordem dos Médicos, com esta política de contenção de despesas e de contratos em outsourcing dificilmente poderão melhorar as condições de trabalho dos médicos e os cuidados de saúde prestados aos doentes.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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