Alerta do Núcleo de Estudos da Infecção ao VIH da SPMI

Percentagem de diagnósticos tardios de VIH é superior a 60%

No âmbito do Dia Mundial da Sida, que se assinala a 1 de Dezembro de 2014, o Núcleo de Estudos da Infecção ao VIH da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna alerta para o facto de mais de 60% dos diagnósticos serem realizados tardiamente.

No âmbito do Dia Mundial da Sida, que se assinala a 1 de Dezembro de 2014, o Núcleo de Estudos da Infecção ao VIH da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) alerta para o facto de mais de 60% dos diagnósticos serem realizados tardiamente, o que compromete a eficácia dos tratamentos, o bem-estar dos doentes, a sua qualidade de vida e a própria incidência da infecção.

Portugal é o terceiro país da União Europeia com maior taxa de casos de Sida, quer em termos de prevalência, quer em termos de incidência e, nesta efeméride, a SPMI pretende alertar para as elevadas taxas de diagnósticos tardios que se verificam em Portugal, incentivando medidas de prevenção e diagnóstico precoce.

Telo Faria, Internista e Coordenador do Núcleo de Estudos da Infecção ao VIH (NEVIH) refere que “a epidemia em Portugal afecta as populações com comportamentos particularmente vulneráveis. Neste contexto, a percentagem de infectados ultrapassa os 5%. Por outro lado a percentagem de diagnósticos tardios chegam a ser superiores a 60%, o dobro da média europeia.” O especialista justifica estes números através dos factores de organização dos serviços de saúde, à ausência de campanhas dirigidas a grupos de populações com vulnerabilidades particulares, e a factores de ordem socioculturais complexos. Contudo, refere, tem havido um esforço nos últimos anos, para inverter esta situação

Apesar da actual crise político-económica, Telo Faria acredita que é possível investir na prevenção do VIH e deixa conselhos para uma melhor actuação nesta área, entre os quais o “reforço de acções de educação, informação e prevenção em meio escolar e respectiva articulação com a saúde Escolar; realização de programas direccionados para grupos vulneráveis com articulação com as ONGs; e a implementação e reorganização de uma rede de detecção precoce da infecção, com testes rápidos nas unidades de saúde.”

A infecção por VIH afecta diversos grupos sociais, mas, nos últimos anos regista-se um número em crescente de idosos infectados. O internista afirma que tal se deve ao facto da “infecção ser uma doença com características de cronicidade, que permite aos doentes viverem bem, e durante mais anos.” Por outro lado, Telo Faria justifica a elevada incidência do vírus neste grupo social, também, pela existência e aquisição de fármacos para tratamento da disfunção eréctil, o que permite que os doentes “retomem a vida sexual, sendo assim potenciais infectados e agentes infectáveis, se tiverem comportamentos sexuais de risco.”

O Coordenador do NEVIH refere que as preocupações da Medicina Interna relativamente à situação do VIH/Sida em Portugal são de dois níveis: “por um lado, as comuns a todas as especialidades que seguem doentes infectados, como Infecciologistas, Internistas e Pneumologistas, ou seja, as preocupações relativas à área da prevenção, diagnóstico precoce e tratamento. Relativamente a este último ponto, Telo Faria reforça “a importância da Consulta Multidisciplinar, a implementação do Sistema de Informação SIVIDA a nível nacional, e a formação permanente dos profissionais de saúde que seguem estes doentes. Por outro lado a Medicina Interna é uma especialidade privilegiada neste seguimento, tendo em conta a nossa perspectiva multiorgânica e holística de ver o doente infectado. Esta postura do Internista vai ao encontro da visão actual da Doença VIH, como doença crónica. Assim, irão naturalmente surgir mais cedo ou mais tarde, as co-morbilidades inerentes ao avanço da idade, além das repercussões em todos os sistemas orgânicos, da própria infecção, e ainda, os efeitos secundários da própria medicação anti-retroviral”.

 

Sobre a Sida

Em Portugal, a infecção por VIH apresenta valores elevados em termos de prevalência e termos de incidência, sendo que ao nível de prevalência a proporção é de 1 infectado em 140 pessoas, e em termos de incidência é de 13.1 infectados por 100 mil pessoas.

No ano de 2013, registaram-se 1,8 milhões de novas infecções por VIH e cerca de 1,3 milhões de mortes em todo o mundo.

Fonte: 
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