Médicos Sem Fronteiras

Pedido para retoma da ajuda a 60 mil refugiados sírios

Cerca de 60 mil refugiados sírios, metade deles crianças, estão encurralados numa faixa desértica na fronteira da Jordânia com a Síria sem ajuda humanitária, suspensa há dez dias, denunciou a organização humanitária Médicos Sem Fronteiras.

Num comunicado, a diretora de operações dos Médicos Sem Fronteiras (MSF), Benoit De Gryse, apelou à retoma "imediata e urgente" do apoio humanitário e à criação de garantias de proteção internacional.

A ajuda foi suspensa a 21 deste mês na sequência de um ataque suicida na região, que matou sete soldados jordanos e 14 outros feridos.

Desde então que o campo de refugiados improvisado na região, também conhecida por "Berma", não dispõe de alimentos ou de assistência médica e a quantidade de água potável está "muito limitada"

"Essas pessoas - das quais mais da metade são crianças - precisam desesperadamente do retorno imediato do fornecimento de alimentos, água e assistência médica. Isso não pode demorar", disse De Gryse.

"No entanto, a assistência por si só não é suficiente. As pessoas que fogem das guerras deveriam receber proteção internacional e ter a perspetiva de um lugar com segurança para se realocarem. Nem a Síria nem a fronteira são locais seguros agora", sublinhou diz De Gryse.

Para a responsável dos MSF, trata-se de uma "responsabilidade coletiva" para tentar ultrapassar a "tremenda falha" da comunidade internacional.

"A Jordânia não pode arcar sozinha com as consequências da guerra na Síria. Há muitos países dentro e fora da região que deveriam oferecer um lugar seguro para os refugiados", apelou.

Antes de ser forçada a suspender suas atividades, depois do ataque, os MSF mantinham desde 16 de maio uma clínica móvel de saúde para atender os refugiados na região, tendo, desde então, assistido 3.501 pessoas, em que os principais problemas de saúde eram doenças de pele, diarreia e desnutrição.

Segundo os MSF, das 1.300 crianças menores de cinco anos diagnosticadas com desnutrição, 204 sofriam de desnutrição moderada e 10 desnutrição severa. Além disso, 24,7 por cento das crianças atendidas pela equipa médica dos MSF apresentava diarreia aguda.

"As condições antes da suspensão da ajuda eram extremamente difíceis e muitos dos pacientes atendidos pela nossa equipa contaram que se mudaram para essa área tão inóspita porque enfrentavam níveis altíssimos de violência e insegurança", relatou De Gryse.

"A ideia de que existem, na Síria, áreas seguras para onde essas pessoas possam retornar não faz sentido. Isso não é uma opção. Ficar no acampamento também não. A área não é segura para ninguém, especialmente para milhares de mulheres e crianças. Os países com capacidade para recebê-las não deveriam virar as costas. É urgente que ofereçam asilo aos refugiados", concluiu De Gryse.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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