Organizações de Saúde alertam para os perigos do tabaco aquecido

Os Produtos de Tabaco Aquecido (PTA) são dispositivos electrónicos com um pequeno cigarro contendo tabaco, que produzem aerossóis com nicotina e outros químicos que são inalados pelo utilizador e que, nos últimos anos, têm surgido como alternativa aos cigarros.
E, embora, se venda a ideia de que são menos prejudiciais, algumas organizações vêm agora desmontar as alegações da indústria do tabaco.
Para alertar para os malefícios destes dispositivos 12 Organizações da Saúde e Sociedades Científicas Portuguesas assumem uma posição conjunta sobre o tema.
De acordo com o documento divulgado à imprensa, os produtos de tabaco aquecido contêm nicotina causando dependência nos seus utilizadores. “O uso dos PTA permite imitar o comportamento dos fumadores de cigarro convencional, podendo haver o risco de os fumadores alterarem o seu consumo para estes novos produtos em vez de tentarem parar de fumar”, pode ler-se no comunicado.
Por outro lado, “constituem uma tentação para não fumadores e menores de idade iniciarem os seus hábitos tabágicos”.
Ao contrário do que alega a indústria do tabaco, que considera que já uma redução de 90% de substâncias tóxicas nestes produtos, foram encontradas nocivas – alcatrão, acetaldeído, acrilamida e um metabolito da acroleína – em altas concentrações. “Alguns estudos independentes encontraram concentrações mais elevadas de formaldeído em produtos de tabaco aquecido do que em cigarros convencionais”, escrevem. E dão exemplos: a acroleína é reduzida apenas em 18%, o formaldeído em 26%, o benzaldeído em 50% “e o nível de nitrosaminas específicas do tabaco é um quito do nível encontrado nos cigarros de combustão convencionais”.
Além disso, o acenafteno – uma substância potencialmente carcinogénica – é quase três vezes mais alta que nos cigarros convencionais. Já os níveis de nicotina e alcatrão são idênticos.
Quanto aos risco para a saúde, estas entidades revelam que “o primeiro estudo experimental” que comparou diretamente os efeitos do fumo do cigarro, vapor de e-cig e aerossol do iQOS (tabaco aquecido) “mostrou que este último provoca o mesmo tipo de danos nas células pulmonares que o fumo do tabaco, mesmo em baixas concentrações”.
A posição das Sociedades Científicas Portuguesas chama ainda a atenção para os riscos do fumo passivo, sobretudo nas crianças. “No caso das crianças esta exposição pode ser ainda mais prejudicial por serem particularmente suscetíveis aos efeitos do fumo passivo, devido a respirarem depressa, a uma maior área de superfície do pulmão e relativa imaturidade dos mesmos”, escrevem. “Esta mensagem deve ser clara e explícita para todos os pais e cuidadores”, acrescentam.
“Não devemos permitir que o debate em torno dos novos produtos do tabaco nos distraia do principal objetivo em questão – promover medidas regulatórias que sabemos serem eficazes na redução do tabagismo e continuar a apoiar aqueles que desejem parar de fumar. Em conclusão, as sociedades médicas e científicas aqui representadas não recomendam a utilização de produtos de tabaco aquecido, alertam para os seus riscos e mantêm a firme convicção de que a melhor forma de salvaguardar a saúde humana é a prevenção da iniciação de qualquer forma de consumo e o apoio médico para cessação tabágica” é a posição defendida pelo conjunto das organizações.
Sociedade Portuguesa de Pneumologia, Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar/Grupo de Estudo de Doenças Respiratórias, Confederação Portuguesa de Prevenção do Tabagismo, Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular, Sociedade Portuguesa de Cardiologia, Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária, Sociedade Portuguesa de Medicina do Trabalho, Sociedade Portuguesa de Oncologia, Federação das Sociedades Portuguesas de Obstetrícia e Ginecologia, Sociedade Portuguesa de Medicina Interna e Sociedade Portuguesa de Pediatria são as entidades signatárias desta posição conjunta.