África

Organização da CEDEAO quer mais investimento de países na saúde

O diretor-geral da Organização Oeste-Africana para a Saúde, Xavier Crispen, defendeu, na cidade da Praia, um maior investimento dos países da região no setor da saúde como forma de fomentar o seu desenvolvimento económico e social.

Xavier Crispen, que ontem cumpriu o seu segundo dia de visita oficial a Cabo Verde, lembrou que a recomendação da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) de que 15% dos orçamentos nacionais sejam destinados à saúde não está a ser cumprida.

"Atualmente nenhum dos 15 países membros da comunidade atingiu esta percentagem. A média varia entre 5 e 10%. Ora com 5% não se pode ter uma boa saúde. É preciso mais investimento", disse Xavier Crispen.

O diretor-geral da Organização Oeste-Africana para a Saúde (OOAS) falava aos jornalistas à margem da conferência "Investimentos em Saúde, Segurança Sanitária e Desenvolvimento económico: Contributos para o setor do Turismo", realizada no âmbito da sua deslocação a Cabo Verde.

Xavier Crispen sustentou que a mensagem política tem que justificar os investimentos em saúde não apenas com a sua importância social, mas como sendo um setor de que depende o desenvolvimento social e económico de cada país.

"Um país como Cabo Verde, que depende muito do turismo, tem que investir mais na saúde, na prevenção e na resposta a certas doenças. Porque se houver uma epidemia, as fronteiras fecham, os turistas não chegam e isso pode significar um duro golpe na economia", disse.

Por isso, sustentou, é preciso criar mecanismos regionais para "melhor lutar contra as epidemias", dando como exemplo o Centro Regional de Vigilância e Controle de Doenças da CEDEAO, a instalar em Abuja, na Nigéria.

"Temos epidemias recorrentes e outras novas. Há doenças que não apareciam há anos, mas que estão a regressar. Por isso, é preciso que toda a região esteja vigilante e trabalhe mais na prevenção e resposta às epidemias", reforçou.

Sobre o investimento de Cabo Verde no setor da saúde, Xavier Crispen adiantou que as últimas informações de que dispõe apontam para que atinja os 8% do Orçamento do Estado, considerando que é uma "boa média ao nível da região".

"Cabo Verde é o país da sub-região que tem os melhores indicadores de saúde. Apesar das dificuldades está no pelotão da frente. Em matéria de saúde fez mais progressos do que a maioria dos países da sub-região", disse.

Xavier Crispen, que estará em Cabo Verde até sábado, cumpriu já uma agenda de encontros com as autoridades cabo-verdianas, tendo visitado também algumas das principais estruturas de saúde na ilha de Santiago. Nos próximos dias visitará as ilhas de São Vicente e Santo Antão.

A margem da conferência foi ainda assinada um memorando de entendimento entre a OOAS e Cabo Verde, que prevê o apoio da organização de saúde da CEDEAO à instalação do Instituto de Saúde Pública cabo-verdiano e à candidatura a fundos para reforço dos sistemas de saúde no âmbito do Banco Mundial.

Na última década ocorreram em África, 55 surtos de doenças, 42 dos quais na região da África Ocidental.

Cabo Verde enfrentou nos últimos anos epidemias de dengue e zika e enfrenta ameaças de introdução no país de febre-amarela devido às fortes ligações com países onde existem epidemias desta doença, como Angola e Brasil.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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