Longe de vencer o combate

Onusida pretende acesso universal à despistagem para vencer a epidemia

A Onusida pugnou por um “acesso universal” à despistagem para vencer a epidemia, no decurso da campanha lançada hoje em Abidjan no âmbito do 30.º dia mundial da luta contra a Sida que se celebra em 01 de dezembro.

“Precisamos de um acesso universal à despistagem do HIV, esta despistagem deve ser tão acessível como um teste de gravidez”, declarou o diretor-geral do Programa da ONU sobre o HIV/sida, Michel Sidibé, citado no último relatório da agência “Saber, é poder”.

Em 2017, à escala mundial, “75% das pessoas com o HIV” conheciam o seu estatuto, contra “66% em 2015”, uma melhoria sensível, segundo Sidibé.

“Mas estamos longe de vencer o combate: hoje reduzimos a vigilância, arriscando uma retoma da epidemia”, advertiu Sidibé em Abidjan, ao recordar que o objetivo da Onusida consiste em vencer a epidemia até 2030.

“A despistagem é um ponto de partida, mas o tratamento e a supressão da carga viral são indispensáveis para vencer a epidemia”, precisou, e lamentando que “a estigmatização e discriminação” das pessoas seropositivas “permaneçam ainda entre os principais obstáculos” na assistência aos doentes.

A África Ocidental e Central, e a zona África do Norte e Médio Oriente são as regiões onde a situação permanece mais inquietante. Cerca de metade (48%) dos seropositivos conhecem o seu estatuto serológico na África Ocidental e Central, e apenas 40% dos seropositivos beneficiam de um tratamento antirretroviral (respetivamente 50% e 29% para a África do Norte e Médio Oriente).

Desta forma, segundo Sidibé, na África Ocidental e Central, cerca de 10 milhões de pessoas não sabem que são seropositivas.

A insuficiência de financiamentos nacionais, os deficientes sistemas de saúde e os cuidados médicos pagos explicam esta situação, para além da discriminação contra as pessoas mais atingidas pela doença (homens que tenham tido relações com outros homens, prostituição praticada pelos dois sexos, toxicodependentes).

Na Costa do Marfim registaram-se importantes progressos em três anos, designadamente devido à ajuda financeira dos Estados Unidos. O número de doentes sob tratamento “duplicou” e a taxa de cobertura da despistagem quadruplicou para atingir dois terços da população, segundo o relatório.

“O primeiro pilar da luta contra a sida é a despistagem, sobretudo para as populações chave” (em risco), mas o “acesso aos tratamentos” e a “estigmatização” permanecem “problemas chave”, declarou à agência noticiosa AFP o médico Camille Anoma, diretor do Espaço Confiança, uma clínica especializada em Abidjan para as populações LGBT [Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgénero].

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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