Objetivo de 14.000 camas nos cuidados continuados integrados ainda longe

“O incremento da rede é evidente que é necessário, nunca isto foi negado”, disse Manuel Lopes na comissão parlamentar de Saúde, onde foi ouvido a pedido do PSD, sobre as condições de integração dos doentes na Rede Nacional de Cuidados Paliativos (RNCP) e a evolução verificada nas Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) e RNCP nos últimos anos.
Manuel Lopes recordou que o que estava previsto em 2006, quando a rede foi criada, é que houvesse, dez anos depois, cerca de 14.000 camas e, neste momento, existem 8.500. “Estamos longe do que foi previsto em 2016”, afirmou.
Mas, sublinhou, esta situação “não se resolve de um momento para o outro”, uma vez que a maioria das camas em falta é em Lisboa, onde há dificuldade em encontrar espaços para acolher estas unidades.
“Das cerca de 7.000 camas que faltam em todo o país, mais de metade é na Região de Lisboa e Vale do Tejo, nomeadamente na cidade de Lisboa, onde fatores como a especulação imobiliária não deixam muito espaço a alguns operadores para se aventurarem neste tipo de resposta”, explicou o coordenador da comissão.
Para combater estas dificuldades, foram feitos acordos com a Câmara de Lisboa e com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa para entrarem nesta resposta.
“Este é um esforço que está a ser feito e vai levar algum tempo”, sublinhou.
Questionado pelos deputados sobre as necessidades de camas no país em cuidados continuados e em cuidados paliativos, Manuel Lopes disse que tem havido “um aumento substantivo do número de camas de cuidados continuados”, mas houve uma redução de lugares nas equipas de cuidados continuados integrados, que apoiam atualmente cerca de 6.000 pessoas.
“Quando assumimos esta coordenação constatámos que havia imensas equipas de cuidados continuados integrados que existiam formalmente, mas não estavam dotadas de recursos necessários à lotação que declaravam, ou seja, por hipótese, declaravam que tinham 20 vagas, mas não tinha profissionais para responder a essas vagas”, explicou.
“Era uma forma de dizermos que temos uma resposta e depois não temos”, disse, contando que o esforço feito foi de adequar a dotação de profissionais das equipas às vagas. Apesar de haver menos lugares declarados, hoje as equipas estão “a atender a mais pessoas do que no passado”, porque houve um aumento da taxa de ocupação desta resposta.
Também ouvida na Comissão de Saúde, a presidente da Comissão Nacional de Cuidados Paliativos, Edna Gonçalves, afirmou que objetivo de atingir, até ao final do ano, as 417 camas de cuidados paliativos, não será atingido.
“Neste momento o que existe são 382 camas de cuidados paliativos e estamos a trabalhar a abertura de mais 10 a 12 camas no Hospital de Faro ficando com isto completo a nossa proposta para o plano estratégico 2017/2018 na região do Algarve”, frisou.
Edna Gonçalves adiantou que todos os hospitais com mais de 100 camas deviam ter uma unidade de cuidados paliativos, mas admitiu que isso não é possível.
“É impossível, não há pessoas com formação para tudo isto”, disse, adiantando que, perante esta dificuldade, a “preocupação maior” foi com os grandes centros hospitalares que são escola.
Para Edna Gonçalves, o “grande entrave” neste momento ao aumento das respostas é a necessidade de os profissionais terem formação para fazerem cuidados paliativos.