Sociedade Portuguesa de Cardiologia

Novas gerações poderão ter esperança média de vida mais curta

No dia em que a Sociedade Portuguesa de Cardiologia assinalou 65 anos ao serviço do Coração, o seu presidente deixou um alerta: “a próxima geração poderá ser a primeira em muitos anos a ter uma esperança média de vida menor do que a dos seus pais”.

A Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC) completa hoje o seu 65º aniversário, numa história que fica marcada pelo combate permanente aos factores de risco cardiovascular e pelas inovações tecnológicas que, nos anos mais recentes, levaram ao aumento exponencial da esperança média de vida e a uma progressiva diminuição da mortalidade por doença cardiovascular.

Os especialistas sublinham, porém, que há ainda muito por fazer e que os números mais recentes deixam a descoberto uma realidade preocupante: pela primeira vez na história da humanidade, as novas gerações poderão ter uma esperança média de vida inferior à dos seus progenitores.

A mensagem é de José Silva Cardoso, presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, que reitera que os portugueses têm de voltar a readquirir hábitos perdidos e adoptar um estilo de vida mais saudável: “Apesar do decréscimo progressivo da mortalidade cardiovascular, sobretudo pelo melhor controlo da hipertensão arterial, da dislipidemia e do tabagismo, a verdade é que a doença cardiovascular ainda se mantém como primeira causa de morte em Portugal e no resto do mundo. Nos anos mais recentes temos vindo a adoptar um estilo de vida mais sedentário, com menos actividade física e isso terá, necessariamente, efeitos muito negativos no diagnóstico da saúde cardiovascular”.

Assumindo que a aposta terá de passar pela adopção de comportamentos preventivos, o presidente da SPC reconhece que há cada vez mais pessoas a praticar exercício nas ruas, mas que ainda assim continuam a ser em maior número aquelas que não praticam qualquer tipo de actividade física. Além disso, relembra, “abandonámos a dieta mediterrânica, uma das nossas grandes riquezas, um caminho que é urgente inverter, sob risco de comprometermos seriamente o futuro”.

Os números são alarmantes:

- Quase metade da população portuguesa tem excesso de peso e hipertensão arterial

- Um terço dos portugueses tem colesterol elevado

- Três milhões de portugueses têm diabetes e/ou perturbações da glicose

- A diabetes é um dos principais factores de risco para desenvolvimento de doenças cardiovasculares (Enfarte Agudo do Miocárdio; AVC, Doença Vascular Periférica)

- Portugal é o país da Europa com maior crescimento da obesidade

- Portugal é o segundo país da Europa com maior taxa de obesidade infanto-juvenil.

 

Dados que levam o cardiologista a deixar um alerta neste dia em que se assinalam 65 anos ao serviço do Coração: “Se não alterarmos este cenário, a próxima geração poderá ser a primeira em muitos anos a ter uma esperança média de vida menor do que a dos seus pais”.

Para combater estes números, Silva Cardoso defende um “trabalho de equipa” em que todos deverão colaborar: “É uma missão que precisa do contributo de todos: médicos e especialistas, sociedade civil, meios de comunicação social e decisores políticos”.

Como medidas prioritárias, o presidente da SPC aponta as acções junto do público mais jovem como prioritárias, sublinhando que o trabalho nas escolas deve intensificar-se e materializar-se em medidas concretas, como a proibição de máquinas de venda automática nas instituições de ensino e a adopção de ementas nutricionalmente mais equilibradas.

 

Fonte: 
Justnews
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.
Foto: 
ShutterStock