Misericórdia do Fundão candidata projectos aos fundos comunitários

"Vemos nele [Portugal 20/20] uma janela de oportunidade em diversos domínios, que procuraremos aproveitar da melhor forma, candidatando projectos em diversas áreas tendo sempre em vista, de forma directa ou indirecta, a prossecução dos objectivos, espírito e missão da instituição", afirmou.
Eleito para o segundo mandato consecutivo à frente da Santa Casa da Misericórdia do Fundão (SCMF), este responsável apontou como projectos a candidatar a remodelação do Lar da Misericórdia e a requalificação das Casas do Bairro de Santa Isabel, que deverão ser transformadas em "residências assistidas".
No âmbito do turismo, a SCMF pretende levar a cabo a requalificação da Estalagem da Neve, unidade hoteleira que é propriedade desta instituição e que, durante anos, esteve concessionada a privados.
"Queremos devolver ao Fundão um empreendimento hoteleiro de elevada qualidade que possa constituir uma oferta turística diferenciada que conjugue alojamento e restauração de qualidade com arte e cultura", afirmou Jorge Gaspar.
Já na área da educação, a instituição deverá apresentar uma candidatura para a ampliação da Academia de Música e Dança do Fundão, que tem actualmente 600 alunos.
Jorge Gaspar prometeu ainda que ao longo dos próximos quatro anos continuará a trabalhar para aumentar a qualidade da resposta social de todas as valências da SCMF, bem como para conseguir a sustentabilidade financeira da instituição, ponto que aliás colocou no "topo das prioridades".
"Atingimos equilíbrio operacional, mas falta algum caminho para atingirmos o equilíbrio financeiro", disse, referindo que no anterior mandato se passou de um passivo de quase meio milhão de euros para resultados operacionais positivos de cerca de 200 mil euros.
Durante a cerimónia - na qual marcaram presença, entre outros, o presidente da Câmara do Fundão e o presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar da Cova da Beira - o provedor também abordou a questão da devolução do Hospital do Fundão à SCMF, garantindo que tal não colide com o protocolo que tinha sido previamente assinado entre estas três entidades.
Prometeu ainda que no processo negocial procurará "capacitar o hospital com novas valências ou com o reforço das já existentes" e reiterou que o hospital continuará no Serviço Nacional de Saúde e que não haverá acréscimo de custos para a população.
A SCMF dá actualmente resposta a 1.800 utentes e conta com mais de 300 trabalhadores.
União das Misericórdias quer bloco operatório para o Hospital do Fundão
A União das Misericórdias Portuguesas (UMP) vai reivindicar a abertura de um bloco operatório no Hospital do Fundão, no âmbito da transferência da gestão da unidade para a misericórdia local, disse hoje um representante daquela instituição.
Humberto Carneiro, que em nome da UMP é coordenador do grupo de trabalho para a devolução dos hospitais às misericórdias, explicou que, a ser aprovado, esse bloco deverá servir para a realização de pequenas cirurgias das especialidades médicas que sejam asseguradas pelo Hospital do Fundão.
"O bloco operatório do Fundão foi desactivado, mas nós, por princípio, defendemos o mesmo que aconteceu em Serpa", disse, referindo-se ao facto de no caso alentejano ter sido acordada a construção de um bloco operatório para as especialidades de Dermatologia, Oftalmologia e Ortopedia, a concretizar em 2016.
Humberto Carneiro, que falava durante a cerimónia de posse dos órgãos sociais da Santa Casa da Misericórdia do Fundão (SCMF), explicou que "faz todo o sentido" que as intervenções cirúrgicas da especialidade sejam feitas no mesmo local da consulta, "por uma questão de eficiência e de equilíbrio do próprio hospital".
"Não faz sentido que as consultas sejam feitas no Fundão e depois se faça a transferência dos utentes para outro hospital, onde o médico que faz a cirurgia tem a necessidade de fazer a consulta pré-operatória de diagnóstico, porque isso era duplicar custo", fundamentou.
A eventual abertura de um serviço de urgência para este hospital do distrito de Castelo Branco também será outra das questões que a UMP promete colocar "em cima da mesa", apesar de Humberto Carneiro assumir que nesse caso concreto a situação "é mais complexa".
O representante da UMP recusou a ideia de que a devolução seja uma privatização, explicou que esta unidade hospitalar continuará integrada no Serviço Nacional de Saúde e assegurou que em relação aos utentes não se alterará "absolutamente nada".
Quanto à poupança de 25% que está prevista na lei que regulamenta esta devolução, Humberto Carneiro referiu que poderá ser obtida em aspectos de gestão, como seja a opção "por uma estrutura mais ligeira" nos quadros directivos.
O provedor da SCMF que tomou posse para um novo mandato, Jorge Gaspar, sublinhou que aquela entidade "não pretende a devolução do hospital a qualquer custo" e deixou a promessa de que no processo negocial procurará "capacitar o hospital com novas valências ou com o reforço das já existentes".
A intenção de transferência da gestão do Hospital do Fundão, que actualmente integra o Centro Hospital da Cova da Beira, foi formalizada a 16 de Dezembro de 2014, na assinatura do "Compromisso de Cooperação para o Sector Social e Solidário", no qual também está prevista a passagem dos hospitais de Santo Tirso e de São João da Madeira para a alçada das misericórdias locais.