Métodos Contracetivos de emergência: Estarão os jovens informados?
Tem vindo a ser disseminado conhecimento sobre as vantagens e desvantagens de cada método contracetivo de maneira a garantir uma escolha cada vez mais assertiva e adequada às necessidades e especificidades de cada mulher. Tem-se verificado uma melhoria no acesso às consultas de planeamento familiar, que se aconselha a ter inicio idealmente entre os 13 e os 15 anos, e uma maior disponibilização de informação sobre os métodos contracetivos com as aulas de educação sexual nas escolas (70% dos adolescentes).
Segundo um estudo publicado sobre as práticas contracetivas das mulheres em 2015, da responsabilidade da Sociedade Portuguesa de Ginecologia e da Sociedade Portuguesa de Contraceção, a utilização da contraceção nos adolescentes aumentou nos últimos 10 anos – em 2005, 18% das adolescentes com vida sexual ativa não usava contraceção e em 2015 verificou-se apenas 5%. Isto reflete que adolescentes informados tendem a ter escolhas e atitudes sexuais mais seguras.
A escolha da contraceção deve ser livre, mas com aconselhamento sob a orientação de um profissional de saúde sobre o método mais adequado. A pilula é o método contracetivo mais utilizado (60-70%), no entanto 22% das utilizadoras afirma ter esquecimentos recorrentes, não sendo valorizados pelas mesmas (apenas 15% referem ao médico terem falhado a toma).
A eficácia dos métodos contracetivos passa essencialmente pela regularidade da respetiva utilização. Os preservativos são de fácil acesso e muito importantes para a prevenção de doenças de transmissão sexual, contudo apenas oferece uma contraceção eficaz quando usado corretamente. O mesmo acontece com a pilula.
Entre as utilizadoras da pilula, uma em cada cinco esquece-se frequentemente de tomar e são as faixas etárias mais jovens que demonstram maior esquecimento. Nestes casos, é necessário um esforço dos profissionais de saúde para informar, educar e esclarecer o impacto destes esquecimentos e ao constatar falhas frequentes propor métodos que não necessitem de intervenção diária.
Das 94% mulheres sexualmente ativas, 17% afirma já ter recorrido à contraceção de emergência. Contudo, é importante reforçar que este método não deve ser encarado como um método regular, mas sim como um “plano b”, em casos de falha do método de contraceção habitual, ocorrência de relações sexuais sem proteção, insegurança no método do calendário ou medicamentos que diminuem a eficácia da pílula.
A contraceção de emergência hormonal recomendada é de toma única, devendo ser tomada no caso de conter a substância levonorgestrel até 72horas (3 dias) ou se for o acetato de ulipristal (5 dias) após a relação sexual de risco.
Muitas são ainda as dúvidas e receios das mulheres por parte destes métodos contracetivos de emergência – tem algum efeito negativo na fertilidade futura? É abortivo? A resposta é não.
Como todos os medicamentos, este método contracetivo de emergência acarreta alguns efeitos secundários (mas limitados): dores de cabeça, tonturas, náuseas, vómitos, tensão mamária e sensação de cansaço, contudo são raros e transitórios, daí enfatizar-se a necessidade de visitas regulares (pelo menos uma vez por ano) a um profissional de saúde com competência na área do planeamento familiar e contraceção.
Dr. Joaquim Neves - Ginecologista e membro da direção da Sociedade Portuguesa da Contraceção