Sociedade Portuguesa de Gastroenterologia

Médicos alertam para os riscos do consumo excessivo de paracetamol

O consumo frequente e massificado do paracetamol, um medicamento não sujeito a receita médica, pode ser responsável pela ocorrência de intoxicações graves, levando a danos no fígado e rins, alertam médicos gastroenterologistas.

O paracetamol é um medicamento utilizado para alívio de dores e para baixar a febre que não é sujeito a receita médica. A sua utilização é muito comum pela elevada eficácia, baixo custo e fácil acesso. É, de forma geral, um medicamento seguro, com menos efeitos adversos do que outros fármacos analgésicos.

No entanto, escreve o Sapo, o consumo frequente e maciço é responsável pela ocorrência de intoxicações graves, levando a danos no fígado e rins. "A toma de doses diárias de paracetamol superiores a 4 gramas por dia poderá levar a essas complicações", alertam os médicos num comunicado da Sociedade Portuguesa de Gastroenterologia.

A intoxicação por paracetamol, intencional ou acidental, é a causa mais comum de falência hepática aguda nos países desenvolvidos sendo responsável por cerca de metade dos casos de hepatite aguda. As autoridades de saúde de certos países tiveram necessidade de tomar várias medidas para reduzir o número de comprimidos por embalagem, restringir a venda livre e limitar a dosagem em crianças.

"É importante que o público em geral seja alertado para os potenciais malefícios do paracetamol em excesso. Trata-se do analgésico e antipirético mais comprado no mercado nacional, existindo muitos outros medicamentos, nomeadamente antigripais, que o contêm como substância ativa. Sem se aperceberem, é frequente os doentes automedicarem-se com mais do que um medicamento contendo paracetamol ao mesmo tempo. Deverá haver sempre o cuidado de verificar a composição dos medicamentos ingeridos ou pedir a ajuda para garantir que não se esteja a tomar mais do que um medicamento contendo paracetamol. Em caso deste medicamento não resolver a dor, constipação ou febre, o doente deve procurar a ajuda de um médico e não aumentar a dose", explica a sociedade médica.

"Os indivíduos com doenças do fígado causadas por hepatites, consumo excessivo de álcool ou com cirrose são mais suscetíveis e, por esse motivo, quando necessário, devem tomar doses inferiores ao geralmente recomendado", alertam os especialistas.

O reconhecimento precoce e o tratamento imediato dos indivíduos que consumiram uma dose tóxica de paracetamol são essenciais para minimizar a morbilidade e a mortalidade.

Numa primeira fase, a sintomatologia é inespecífica, associada a náuseas, vómitos e desconforto abdominal. A segunda fase, caracteriza-se pelo aparecimento de toxicidade hepática, com icterícia (coloração amarelada dos olhos e pele) e desorientação, havendo alterações das análises do fígado.

Posteriormente, pode haver agravamento dos sintomas, com insuficiência hepática ou renal agudas. Na maioria dos casos ocorre resolução, no entanto a intoxicação por paracetamol pode levar a transplante hepático ou morte.

Na presença ou suspeita de uma intoxicação deve ser procurada assistência médica com a maior brevidade, mesmo na ausência de sintomas. Quanto mais rapidamente for iniciado o tratamento, maiores são as probabilidades de recuperação. A atuação precoce é essencial para um bom prognóstico, já que existe um antídoto específico que pode ser utilizado.

O consumo de paracetamol é um dos temas que estarão em destaque na Semana Digestiva 2016, no Centro de Congressos do Algarve, na Herdade dos Salgados.

Fonte: 
Sapo
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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