Em causa está a segurança dos doentes

Medicamento que cura Fibromialgia? Associações de doentes «perplexas» com a notícia

Quatro Associações de Fibromialgia dizem estar perplexas com as notícias veiculadas que associam um medicamento – com o princípio ativo Citicolina – a uma possível cura para a doença.

“Não existe qualquer indicação ou evidência científica para o tratamento da Fibromialgia, sendo inclusive desaconselhado o uso deste medicamento para o tratamento da Fibromialgia, tanto pelo Infarmed como pelo laboratório responsável pela sua comercialização”, pode ler-se no comunicado enviado às redações e assinado por quatro associações de doentes ativas em Portugal – Myos, Associação Portuguesa de Jovens com Fibromialgia, Associação Barcelense de Fibromialgia e Doenças Crónica e a União de Doentes Fibromiálgicos de Viseu.

De acordo com a nota de imprensa enviada, estas peças jornalísticas “estão a induzir os doentes e a opinião pública em geral em erro, podendo colocar em risco a saúde e sobretudo os direitos dos indivíduos”. 

Assim, as declarações mencionadas nestas notícias, atribuídas a Fernanda Margarida Neves de Sá que se diz curada pelo fármaco, “não fez mais do que lançar uma esperança infundada, não baseada em evidências científicas nem comprovada por médicos”.

As várias associações de Fibromialgia que existem em Portugal vêm assim alertar os doentes e a população em geral de que o medicamento, citado nessas reportagens, com o princípio ativo Citicolina, está indicado no tratamento de AVC isquémico agudo e leucoaraiose (lesão da substância branca cerebral) e é indicado para pacientes com lesões cerebrais graves de etiologia vascular ou traumática.

Contactado, o laboratório Ferrer, responsável pelo medicamento em causa, afirma que “a utilização da Somazina em doentes com fibromialgia não está aprovada, constituindo uma utilização fora das indicações terapêuticas. A Ferrer não recomenda a sua utilização nesta patologia, nem tem elementos de evidência que demonstrem a eficácia do medicamento na fibromialgia”.

As quatro associações lamentam a informação amplamente  divulgada nos meios de comunicação social, por constituir um risco para a saúde pública.

Sofia Esteves dos Santos
Fonte: 
Myos - Associação Nacional Contra a Fibromialgia e Síndrome de Fadiga Crónica
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
ShutterStock