Fundada há 25 anos

Margarida Martins considera Abraço o projeto da sua vida

A Abraço foi o “projeto de vida” de Margarida Martins, sócia número um da associação que fundou há 25 anos e da qual nunca se desligou, considerando-a a “filha mais velha”.

Tudo começou no final 1991 quando Margarida Martins, juntamente com um pequeno grupo de voluntários, dava apoio aos doentes seropositivos internados na unidade de doenças infeciosas do Hospital Egas Moniz, em Lisboa.

Nessa altura, um amigo de Margarida Martins faleceu vítima de sida e foi então que nasceu a vontade de criar a Associação de Apoio a Pessoas com VIH/sida.

“Criámos um movimento de amigos. Fizemos um espetáculo no Coliseu a 26 de abril, há 25 anos, dia de aniversário do João Carlos, e no dia 05 de junho [de 1992] inaugurámos a nossa associação”, no Bairro Alto, contou Margarida Martins.

A Abraço começou com “o objetivo de criar melhores condições para os doentes do Hospital Egas Moniz e hoje em dia é uma associação nacional, que dá trabalho a cem pessoas no Porto, Madeira, Setúbal e com ligações aos países de língua portuguesa”, salientou.

“Apostámos muito na prevenção e formação à população que não sabia nada sobre a doença, tivemos apoio de centenas de milhares de pessoas, isso foi muito importante, e hoje em dia a sida está mais ou menos estável”, frisou.

Ao fim de 21 anos a presidir a associação, Margarida Martins decidiu deixar o projeto para abraçar um novo desafio, ser presidente da Junta de Freguesia de Arroios, em Lisboa, mas nunca se desligou totalmente.

“Continuo a acompanhar [o trabalho da associação], sou a sócia número um e pago as minhas contas”, disse, com uma sonora gargalhada.

“A Abraço foi o projeto da minha vida, o projeto que me traz lágrimas aos olhos. No fundo, é a minha filha mais velha”, desabafou, acrescentando que “tudo tem o seu tempo e as pessoas mais velhas têm que perceber que têm de formar pessoas para que os projetos não morram enquanto elas são necessários e muitas vezes o movimento associativo esquece-se disso”.

Sobre a nova direção liderada pelo psicólogo Gonçalo Lobo, Margarida Martins disse que “é fantástica, sempre com novos projetos para outro tipo de pessoas e situações”.

“Realmente posso dizer que sou uma mulher feliz porque deixei um trabalho feito e a equipa manteve-se e aumentou”, referiu, com orgulho.

“É importante ver que os novos tomam conta dos projetos e avançam para a frente com alicerces que nós deixamos e que eles são grande impulsionadores e investidores e isso para mim é a grande alegria”, sustentou.

Margarida Martins contou que ainda é abordada na rua pelo trabalho na associação. "É muito bonito, pessoas de 50 anos encontram-me na rua e dizem-me obrigado”, por as ter alertado para a doença.

A este propósito contou uma história recente com o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues.

“Fui apresentar-me e ele disse-me: ‘sei muito bem quem a Margarida é porque quando eu tinha 13 anos foi à minha escola no norte falar sobre o VIH/sida. Foi consigo que ouvi pela primeira vez falar da doença’”, recordou.

Para Margarida Martins, esta atitude dos portugueses manifesta “o reconhecimento” do trabalho da associação na luta contra a sida.

Dados oficiais indicam que, entre 1983 e 2016 foram notificados em Portugal 55.632 casos de VIH. Destes, 11.008 morreram.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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