Em 2017

Mais armas para combater o cancro

Mais esperança com novos medicamentos, uma vacina, investigação, prevenção. Será assim 2017 no combate ao cancro, doença que será responsável pelo surgimento de cerca de 60 mil casos por ano em Portugal . Um combate difícil, longe de terminar, mas não perdido.

O novo ano traz a promessa de uma vacina para o cancro do estômago, tal como nova medicação dirigida a mutações específicas nas células e terapias desenhadas para fortalecer o sistema imunitário do doente. As duas têm mostrado alguns resultados animadores no combate ao cancro do pulmão. Um caminho que tem de ser feito de mãos dadas com a prevenção: rastreios e alteração de comportamentos.

"O cancro é diferente consoante o órgão, se se é homem ou mulher, se se é velho ou novo", frisou ao Diário de Notícias Manuel Sobrinho Simões, investigador e diretor do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto, para explicar que ainda não é possível ter resultados iguais para todos. Se na mama e no cólon estamos a avançar na batalha, mais difícil tem sido no cancro do estômago. "Ao contrário do cólon, que temos um pólipo que se tirarmos não chega a ser cancro, não sabemos porque é que no estômago não fazem pólipos antes, invadem logo", adiantou.

Mas 2017 promete uma nova arma. "O que será a nossa solução é a vacina contra a bactéria Helicobacter pylori. Pensamos que vai aparecer para o ano. Os cancros do estômago não são só causados pela bactéria, mas são muito causados por ela. Induz um processo inflamatório crónico, uma gastrite crónica, e estas dão muitos radicais livres de oxigénio que dão muitas mutações", salientou o especialista, que fala noutra peça fundamental: "O desenvolvimento de novos medicamentos que não são para mutações de células, mas para o sistema imunitário e metabólico do hospedeiro aumentando a sua capacidade de reagir [ao cancro], induzindo o suicídio das células, impedindo que elas se mobilizem ou parando-as."

No caso do cancro do pulmão - um dos que têm maior taxa de mortalidade -, a investigação tem seguido os dois caminhos, que têm permitido alguns bons resultados: medicamentos inovadores que aumentam a capacidade do sistema imunitário e inovadores dirigidos a mutações específicas em determinadas células. Como exemplo, a Agência Europeia do Medicamento recomendou, recentemente, a utilização do pembrolizumab como tratamento de primeira linha, em vez de quimioterapia, em doentes com cancro do pulmão de células não pequenas cujos tumores tenham uma determinada mutação. Atualmente, o medicamento da Merck já é usado, mas como segunda opção. A aprovação como primeira escolha deverá acontecer no início do próximo ano.

Mas o combate faz-se também com a prevenção. "Outra coisa que vai ser muito importante é começarmos a perceber se tratarmos bem a obesidade e a diabetes vamos ter menos cancro e os doentes com cancro vão ter cancros muito menos agressivos. E temos de aumentar os rastreios, porque se o diagnóstico for precoce, primeiro o doente cura, depois os custos são completamente diferentes. No caso do cancro do cólon num estádio dois, o custo fica por quatro mil euros, se for num estádio avançado passa para 40 mil a 50 mil euros por ano. Na mama temos a mesma experiência. O Estado português pouparia imenso e os doentes poupariam imenso em sobrevida e qualidade de vida", salienta Sobrinho Simões.

O diretor do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto fala da estratégia dos três C: curar, controlar e cuidar. "Calculamos que surjam 60 mil novos casos de cancro por ano. Cerca de 25 mil pessoas morrem. Mais de 50% das pessoas não morrem. O número de novos cancros está a aumentar, mas a mortalidade não, o que é muito bom. Sinal de que estamos a chegar mais cedo, a tratar melhor, os cuidados paliativos melhoraram. Mas ainda temos de melhorar a parte do cuidar", defende.

Fonte: 
Diário de Notícias Online
Nota: 
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