Ordem dos Nutricionistas

Maior cautela no controlo dos alimentos que chegam aos consumidores

A Autoridade Europeia de Segurança Alimentar anunciou que cerca de metade dos alimentos consumidos na Europa contêm vestígios de pesticidas. A Ordem dos Nutricionistas aponta diversas preocupações relativamente à divulgação dos resultados deste estudo.

A Autoridade Europeia de Segurança Alimentar anunciou na passada quinta-feira, 12 de Março, que cerca de metade dos alimentos consumidos na Europa contêm vestígios de pesticidas, embora a maioria, dos pesquisados, se apresente dentro dos limites legais e, provavelmente, sem efeitos na saúde. A Ordem dos Nutricionistas aponta diversas preocupações relativamente à divulgação dos resultados deste estudo e apresenta dúvidas quanto à afirmação de que os pesticidas poderão não apresentar efeitos nocivos na saúde dos indivíduos.

“Os alimentos possuem uma composição complexa de macro e micronutrientes, mas também podem ser uma fonte de compostos com potencial tóxico e, de facto, é difícil assegurar a ausência de toxicidade para concentrações inferiores às consideradas como desprovidas de efeitos nocivos”, esclarece Alexandra Bento, Bastonária da Ordem dos Nutricionistas, acrescentando que “naturalmente que uma ingestão sistemática deste tipo de contaminantes acabará por levar efeitos maiores na saúde dos cidadãos”.

Muitos dos pesticidas possuem potencial tóxico e podem se apresentar como alteradores endócrinos que interferem substancialmente na actuação hormonal, seja ao nível da síntese, da degradação, da excreção ou da inibição das vias de sinalização celular. Desta forma a exposição crónica e o facto de se acumularem no organismo poderão levar ao posterior aparecimento de doenças crónicas tais como a diabetes, a obesidade, o cancro, as doenças neurodegenerativas ou as doenças cardiovasculares, por exemplo.

Não é possível tecer recomendações precisas sobre consumos ideias tendo em consideração o nível de contaminação, fundamentada por uma escassez de investigação neste âmbito. No entanto, a Ordem dos Nutricionistas salienta que uma alimentação variada e sustentável e a escolha de alimentos mais saudáveis nas refeições, como o peixe proveniente do mar, em detrimento dos elevados consumos de carne, poderão constituir boas práticas.

A agricultura biológica como base das boas práticas alimentares poderá ser também uma das soluções mais eficazes na garantia da redução da ingestão de alimentos possivelmente contaminados.

“Estes números são preocupantes e é de lamentar que não seja efectuado um controlo mais restrito a estes e a muitos outros contaminantes químicos”, refere Alexandra Bento, referindo ainda que a Ordem dos Nutricionistas tem procurando sensibilizar os organismos responsáveis pelas políticas alimentares.

A Ordem dos Nutricionistas acrescenta que, além das preocupações no âmbito dos contaminantes do próprio alimento, não devem ser negligenciados os cuidados a ter também durante a confecção, por exemplo, dando primazia aos “pratos de panela”, tais como os ensopados ou as caldeiradas, numa tentativa de reduzir a possibilidade de criação de compostos potencialmente tóxicos, suscetíveis aquando da preparação em temperaturas elevadas. Mais ainda alerta para suscetibilidade de contaminação em embalagens, sobretudo quando as mesmas são utilizadas por tempo prolongado, por exemplo.

“As autoridades responsáveis têm um papel central no que toca à salvaguarda da qualidade dos alimentos que chegam aos consumidores, pelo que devem reforçar as suas políticas de investigação e de segurança no sentido de fazer reduzir significativamente os valores resultantes deste estudo”, diz a Bastonária da Ordem dos Nutricionistas.

Fonte: 
Ordem dos Nutricionistas
Nota: 
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