No mês que esteve ativa

Linha de apoio em cuidados paliativos recebeu 42 chamadas

Num mês, 42 pessoas ligaram para a linha de apoio em cuidados paliativos para abordar situações familiares e obter informações sobre estes cuidados, uma experiência piloto que poderá ser desenvolvida em parceria com o Ministério da Saúde.

A maioria das chamadas (73,8%) foi feita por mulheres, com idades entre os 22 e os 70 anos, segundo dados da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP) que vão ser apresentados no Congresso Nacional de Cuidados Paliativos, em Lisboa.

Criada pela APCP para assinalar o mês dos Cuidados Paliativos, a linha gratuita funcionou em outubro, entre as 20:00 e as 22:00, com o objetivo de esclarecer a população sobre o que são estes cuidados, onde existem e como se pode aceder a eles.

Em declarações, o presidente da associação, Manuel Luís Capelas, fez um “balanço positivo” da iniciativa, apesar do número de chamadas ser inferior ao esperado, o que pode dever-se ao horário de atendimento.

Este número seria “exponencialmente maior” se o horário fosse durante o dia, mas “não temos estrutura que nos permita suportar uma linha deste tipo 24 horas por dia e 365 dias por ano”, que implica ter um corpo de profissionais permanentemente disponíveis, disse.

Mas, segundo o responsável, o que "chamou mais a atenção" foi o conteúdo das chamadas: "Essencialmente como muito défice de informação, onde inclusive muitas das pessoas nos diziam que nem sequer tinham oportunidade de falar dessas situações com os seus médicos” e que desconhecem como “o processo se poderá fazer".

Para a associação, é premente a capacitação dos profissionais para a abordagem dos problemas vivenciados pelos cuidadores e a aposta numa “estratégia nacional de informação sobre acessibilidade a cuidados paliativos”.

Segundo o responsável, há uma possibilidade de apoio a esta população, através do desenvolvimento de uma parceria com a Linha de Saúde 24, fornecendo suporte telefónico informativo de apoio e orientação com recurso a profissionais especializados na área.

“Se houver vontade nós estamos disponíveis para colaborar na formação dos profissionais que possam dar este atendimento e a Linha 24 poder ser uma fonte também de informação a este nível, mas isso depende mais uma vez de uma articulação estratégica entre o Ministério da Saúde e a associação”, frisou.

Metade das chamadas foi feita por cuidadores informais familiares e um terço por não familiares. Apenas três doentes e um profissional de saúde pediram informações à linha.

A maioria (52,4%) das chamadas foi motivada por situações familiares com necessidades de apoio e as restantes para saber como aceder a estes cuidados e às equipas de domiciliárias e de internamento.

Para 46,2% dos utilizadores o serviço “foi útil” e para 48,7% “muito útil”.

Para a associação, os dados retratam o panorama nacional em termos de cuidados paliativos, em que apenas 2,9% das pessoas que morrem têm acesso a estes cuidados.

“Os cuidados em fim de vida ainda são um tabu para a população em geral, acrescido da dificuldade que os profissionais de saúde têm em referenciar para cuidados paliativos”, sublinha.

Em Portugal, existem entre 72 mil e 86 mil doentes a necessitar de cuidados paliativos.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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