Vida saudável

Investigadores do Porto defendem melhores políticas de utilização de termas

Investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto estão a participar num projeto internacional que visa melhorar as políticas relacionadas com a utilização das termas para fins preventivos e medicinais, potenciando um estilo de vida saudável.

Com esta iniciativa, que envolve parceiros da Roménia, da Polónia, da Lituânia, da Eslovénia, da Letónia, da França, da Hungria e de Portugal, os responsáveis pretendem abordar o desafio social do envelhecimento da sociedade, demonstrando que o termalismo pode ser um setor com potencial para tornar os cuidados de saúde mais eficientes.

O investigador Pedro Augusto, coordenador científico, contou que a iniciativa, que iniciou em junho e tem a duração total de quatro anos e meio, divide-se em duas fases, destinando-se a primeira ao levantamento das condições e as práticas relacionadas com o termalismo nos oito países pertencentes ao consórcio.

Cada região inclui intervenientes regionais, sendo que no caso português passam pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), o Hospital de São João (Porto), associações de pacientes que recorrem a tratamentos termais, bem como a Associação das Termas de Portugal e a Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa.

A região Norte de Portugal, referiu o responsável, tem mais de 24 termas, das quais seis estão inativas, sendo a sub-região do Tâmega e Sousa a escolhida, dentro deste projeto, para receber as visitas com os parceiros do consórcio.

Numa segunda fase, continuou o coordenador, será elaborado um plano de ação com o objetivo de mudar políticas, a nível regional e nacional, "de forma a que se consigam implementar todas as correções que forem sendo listadas" durante a primeira fase, recuperando também as termas que não estão ativas.

Para a diretora da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), Maria Amélia Ferreira, a utilização das termas traz diversos benefícios para a saúde, podendo as mesmas estar orientadas para tratamentos respiratórios, gastrointestinais e dermatológicos, dependendo da tipologia das suas águas.

Além dos tratamentos que podem ser disponibilizados para condições específicas, a diretora da FMUP destacou o facto de o termalismo ser uma "cultura milenar", que permite ao organismo dos utilizadores estar "numa situação de tranquilidade".

Paralelamente ao desenvolvimento económico que o projeto pode trazer, destacou a formação dos profissionais de saúde, como médicos, enfermeiros e auxiliares, que prestam cuidados aos utilizadores das termas.

Segundo a responsável, este projeto é um "investimento muito relevante" para a FMUP, pelo facto de conciliar as áreas da inovação, da medicina preventiva e da formação, através da pós-graduação que a entidade disponibiliza, em Climatologia e Hidrologia, orientada para profissionais de saúde que trabalham em termalismo.

De acordo com Pedro Augusto, durante a primeira reunião do grupo de trabalho "levantou-se a hipótese de o projeto concorrer a verbas para ser criada uma rede de formação a nível europeu na área do termalismo, aproveitando a base estabelecida para o curso" disponibilizado na FMUP.

Nesse primeiro encontro, contou, os parceiros afirmaram igualmente "que gostariam de ver as termas muito mais usadas pela população".

"Enquanto os hospitais estão a abarrotar de gente, nas termas, que muitas vezes seriam a opção ideal para resolver as questões da maioria das pessoas que vão ao hospital, não se passa o mesmo. Embora essa tradição tenha existido no passado, perdeu-se muito", salientou.

Em França, exemplificou, "as termas vivem muito do apoio que o Estado dá, inclusive para a medicina preventiva", enquanto que, em Portugal, embora "agora esteja a ser retomado, de uma forma tímida", este foi sendo retirado ao longo do tempo.

"A verdade é que em França, como noutros dos países parceiros, esses apoios nunca foram retirados, encontrando-se esses países numa fase em que o Estado já financia o termalismo preventivo", acrescentou.

Pedro Augusto disse ainda que o objetivo principal é chegar ao fim do projeto com "alterações substanciais" nas leis e nas condições relacionadas com o termalismo.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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