Relatório do Programa Nacional

Hospitais tratam e operam cada vez mais doentes oncológicos

A produção dos hospitais portugueses no tratamento de doentes oncológicos aumentou mais de 11% nos últimos cinco anos, com mais terapias, medicamentos e cirurgias, estas nem sempre dentro do tempo máximo de resposta garantido.

A conclusão consta do relatório do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas (PNDO) “Portugal – Doenças oncológicas em números 2014”, apresentado em Lisboa e que analisa os números mais recentes da incidência e mortalidade associados às doenças oncológicas. Neste documento lê-se que “a produção hospitalar na área das doenças oncológicas tem vindo a aumentar todos os anos”.

O documento do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas analisa os números mais recentes da incidência e mortalidade associados às doenças oncológicas e a resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Em 2013, o número de utentes saídos dos hospitais do SNS devido a doença oncológica (90.594) foi 11,6% superior ao de 2009 (81.179) e 1,0% superior ao de 2012.

No ano passado, registaram-se 120.463 episódios de assistência hospitalar por doente (em 2012 foram 117.561). Em média, cada doente ficou internado 14,66 dias em 2013, quando tinha ficado 14,89 dias no ano anterior.

Ao nível cirúrgico, ocorreram 44.264 cirurgias oncológicas em 2013 (37.680 em 2009).

Nesta área, registou-se um aumento da percentagem de operados a neoplasias malignas que ultrapassaram o Tempo Máximo de Resposta Garantido (TMRG): 14,8% em 2013 e 15,3% em 2013.

Para sessões de radioterapia, foram admitidos no ano passado 414.344 utentes (337.812 em 2009).

Ao nível dos medicamentos, aumentou o consumo, em quantidade, de medicamentos citotóxicos e imunomoduladores, “correspondendo a opções terapêuticas mais dirigidas”. “O único item onde se assistiu a uma discreta diminuição de quantidade foi o de Hormonas e anti-hormonas e esta diminuição é feita à custa do tamoxifeno”, lê-se no documento.

A quimioterapia oral sofreu um aumento significativo (dois por cento), sendo este aumento particularmente notável no grupo dos inibidores de tirosina cinase (10%).

Também em anticorpos monoclonais usados em oncologia se notou um aumento de consumo (11%).

 

Portugueses perderam 45 mil anos de vida devido a quatro tumores malignos em 2012

De acordo com o mesmo relatório, os portugueses perderam, em 2012, mais de 45 mil anos de vida devido a quatro tumores malignos. Em 2012 os portugueses perderam 19.548 anos de vida por causa do tumor maligno da traqueia, brônquios e pulmão.

Por causa do tumor maligno do cólon e recto foram perdidos 11.478 anos de vida e devido ao tumor maligno do estômago 10.093 anos. O tumor maligno do pâncreas foi responsável pela perda de 4.555 anos de vida.

O documento aponta para “uma pequena diminuição na taxa de mortalidade padronizada por tumores malignos, tanto na população global como no grupo etário inferior a 65 anos”.

“Este resultado é muito positivo, pois reflecte ganhos líquidos em saúde”.

Os autores do documento indicam que Portugal – tal como os outros países – assiste a “um aumento muito significativo de novos casos, fruto de alterações significativas da estrutura da pirâmide populacional e de alterações do estilo de vida”.

Ao nível dos 10 tumores mais frequentes em Portugal, em 2012 morreram 2.312 por tumor maligno do estômago, 2.612 por tumor maligno do cólon, 883 devido ao tumor maligno do recto e 3.446 por causa do tumor maligno da traqueia, brônquios e pulmão.

O tumor maligno da mama matou 1.663 mulheres, enquanto o tumor maligno do colo do útero foi responsável por 204 óbitos.

O tumor maligno do corpo do útero causou 183 mortes, o da próstata 1.745 e o da bexiga 924. Devido ao Linfoma não-Hodgkin morreram 664 pessoas.

Ao nível dos locais de residência dos doentes, os autores do documento identificaram altas taxas de mortalidade devido ao cancro do estômago na área geográfica da Administração Regional de Saúde (ARS) e devido ao cancro do recto na região abrangida pela ARS do Alentejo.

Na área abrangida pela ARS do Algarve foi identificada uma alta taxa de mortalidade e mortalidade precoce devido a tumores do cancro da traqueia, brônquios e pulmão.

Altas taxas de mortalidade para cancro da bexiga foram registadas nas áreas da ARS de Lisboa e Vale do Tejo e Algarve e uma baixa taxa de mortalidade na zona da ARS Centro do cancro da traqueia, brônquios e pulmão.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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