Ecologia

Fertilizantes de minhocas podem ajudar a reduzir o lixo urbano

Uma equipa de Celorico de Bastos está a desenvolver um projeto para a criação de fertilizantes naturais com recurso a minhocas, com o objetivo de produzir adubo de “alta qualidade” contribuindo, deste modo, para a redução da pegada ecológica associada ao lixo urbano.

 "A nossa sociedade perdeu a ligação à terra. Não sabemos de onde vêm os nossos alimentos, nem para onde vão os nossos desperdícios", disse à agência Lusa Pierre Del Cos, responsável pelo projeto Revolução das Minhocas (‘Worm Revolution') que, este mês, chegou à final nacional da ClimateLaunchpad, uma competição da Comissão Europeia que apoia ideias inovadoras com vista à redução do impacto ambiental e que decorreu no Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (UPTEC).

De acordo com o responsável, 99% dos alimentos consumidos provêm da agricultura convencional, química ou não orgânica, sendo produzidos com fertilizantes criados a partir de recursos minerais limitados.

Além disso, "99% das coisas compradas vão para o lixo em menos de seis meses", acabando a "maior parte deles num aterro, sem reincorporar o ciclo", referiu.

Vermicompostagem é o futuro

O projeto, que arrancou no passado mês de janeiro, procura criar valor a partir dos resíduos, construindo, simultaneamente, "um futuro mais limpo", através do desenvolvimento da vermicompostagem (compostagem com minhocas) em Portugal.

A equipa está a desenvolver minhocários (casa das minhocas), com recurso a materiais naturais e reciclados, fertilizantes de minhoca e com as próprias minhocas, oferecendo "soluções locais para problemas globais".

As minhocas mantidas nos minhocários "ajudam a transformar a maior parte dos resíduos da cozinha em fertilizantes naturais, em casa, de maneira divertida e higiénica", o que permite "reduzir a pegada ecológica do lixo orgânico, cultivar alimentos saudáveis e a promover a agricultura sustentável".

Além disso, a compostagem com minhocas pode ser feita no interior, tendo a vantagem de ser adaptável ao meio urbano, esclareceu o responsável do projeto.

Peirre Del Cos contou que, embora já existam minhocários no mercado, a grande maioria é de plástico e nenhum é fabricado em Portugal, não existindo ainda, no Norte do país, produção de minhocas.

Também, no âmbito do projeto, está a ser desenvolvido um sistema de saneamento com minhocas para casas, para criar valor a partir dos resíduos provenientes dos banhos, de forma "a reduzir o impacto negativo no ambiente, sem custo energético nenhum".

Esta ideia surgiu depois de Pierre Del Cos morar vários meses em quintas biológicas, "onde todos os recursos e resíduos são reaproveitados".

De regresso à cidade diz ter-se sentido  "desiludido ao ver a quantidade de lixo que aí é produzida", para além do facto de "ninguém conhecer bem as consequências" desses resíduos "nem para onde vão".

"Sabia que se podia aproveitar a maior parte para agricultura, e já tinha visto um minhocário, então decidi começar a compostar os meus resíduos em casa, com minhocas", conseguindo obter resultados "mesmo positivos".

Em março, o projeto foi selecionado para a Incubadora Regional de Impacto Social, em Amarante.

Fonte: 
Sapo
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
Pixabay