Observatório Português dos Sistemas de Saúde

Faltam 5 milhões de medicamentos nas farmácias todos os meses

Portugal foi o país europeu que mais medidas tomou para conter a despesa com medicamentos entre 2008 e 2011.

A estas medidas é preciso juntar três anos de programa de ajustamento, em que uma parte da contracção na despesa com saúde foi feita à custa dos cortes na despesa com medicamentos, avança o Diário Económico, citado pelo RCM pharma.

Até aqui, parecem boas notícias. Mas o Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS), no relatório de Primavera ontem apresentado - e que este ano tem como título “Saúde: síndroma da negação” - alerta para as consequências negativas das sucessivas medidas aplicadas à cadeia do medicamento: aumento da exportação paralela de remédios, atrasos na inovação, falhas no abastecimento de medicamentos e dificuldades no acesso à terapêutica.

“Tanto o facto do sector da distribuição dos medicamentos se encontrar em graves dificuldades financeiras, como o aumento significativo da exportação paralela em Portugal, provocaram um fenómeno preocupante, que afecta directamente a saúde dos portugueses - a dificuldade de acesso a medicamentos”, conclui o grupo de peritos do OPSS.

De acordo com dados do Observatório dos Medicamentos, citados no relatório do OPSS, desde Agosto de 2013 que o número médio de embalagens em falta por mês se situa próximo dos cinco milhões. Em 2013, cerca de 46% dos doentes inquiridos num estudo da consultora Deloitte reportou indisponibilidade de encontrar medicamentos na farmácia e destes, 24% não conseguiu obter os remédios em menos de 24 horas. Entre Agosto e Dezembro de 2013 registaram-se 23.853.179 faltas de medicamentos, reportadas por 60% das farmácias nacionais.

Olhando para as falhas de abastecimento, estas concentram-se em cinco grupos farmacoterapêuticos “relevantes em termos de saúde” e a “grande maioria destinada a doentes crónicos”, como são as doenças cardiovasculares e respiratórias.

“À falta de medicamentos disponíveis para aquisição nas farmácias, acresce ainda a diminuição do poder de compra da população, que obviamente afecta a sua capacidade de aceder aos medicamentos”, sublinha o OPSS, alertando mais à frente para “o potencial aumento de problemas de adesão à terapêutica” e para a “degradação dos resultados em saúde que certamente daí advirão”.

 

Fonte: 
RCM Pharma
Nota: 
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