Falta de autonomia é responsável por um terço da dívida do Santa Maria

Em entrevista, na sequência de um relatório do Tribunal de Contas que traça críticas ao Centro Hospitalar Lisboa Norte, Carlos Martins reconheceu que a perda de autonomia dos hospitais, e a centralização, é “responsável por um terço” da dívida acumulada.
“Nós não temos capacidade de decidir no momento. Não temos capacidade de negociação com os fornecedores e pagamos esse custo. Se nos dessem autonomia, por exemplo para contratos plurianuais na área da alimentação, conseguiríamos negociar melhor”, afirmou.
O responsável entende que a autonomia da gestão dos hospitais “permitiria tomar decisões em tempo útil”, mas entende que a esse passo deve ser agregada a responsabilização dos gestores.
“Os contratos de gestão deviam ser anuais e feita depois a avaliação no trimestre seguinte e quem não cumprisse os objetivos devia ser afastado”, declarou.
Mesmo para a contratação de pessoal, a falta de autonomia tem sido apontada como um entrave aos hospitais, uma vez que até os contratos de substituição de funcionários estão dependentes dos ministérios da Saúde e Finanças.
“As instituições têm de ter objetivos e contratos negociados e os gestores devem ser avaliados e, depois, removidos ou premiados em função da avaliação”, declarou.
Segundo o Tribunal de Contas, o Centro Hospitalar de São João, no Porto, consegue produzir mais cuidados de saúde, com menos tempos de espera e com custos operacionais inferiores do que o Centro Hospitalar de Lisboa Norte.
O Tribunal identificou ainda que a dívida do Lisboa Norte cresceu quase sete milhões por mês em 2017, considerando que se encontrava em falência técnica em 2015 e 2016.
Carlos Martins considera, porém, que as conclusões do tribunal são injustas e estão fora de contexto.
“O Centro Hospitalar de São João é uma unidade de referência para o país. Teve uma liderança de 10 anos, estável, com rumo e continuidade ano após anos e que começou quando havia autonomia e capacidade financeira nas instituições. Nós, em contraponto, tivemos três lideranças nos últimos 10 anos. Foi aberta uma parceria público privada na nossa área de influência e perdemos 41,3% da nossa população. Continuámos com 100% dos custos e perdemos 41,3% dos ‘clientes’”, justificou.