Segundo especialista

Estigmas bloqueiam integração dos doentes mentais

A diretora da Casa de Saúde de S. João de Deus, em Barcelos, defendeu a necessidade de uma luta "constante e inabalável" contra o estigma da sociedade em relação à doença mental.

Em declarações, a propósito da conferência "Estigma - Que Caminhos?", que aquela casa de saúde vai acolher no sábado, Isabel Bragança sublinhou que os estigmas e os preconceitos são fatores que dificultam "sobremaneira" a integração dos doentes mentais na sociedade como "cidadãos de pleno direito, iguais aos outros".

"Um preconceito muito comum, e talvez um dos mais fortes, tem a ver com a ideia da imprevisibilidade do doente mental e da sua eventual violência e agressividade", referiu.

Para Isabel Bragança, este preconceito é logo, à partida, "altamente limitador" de um qualquer processo de integração.

A conferência de sábado, que terá como orador Salvador Simó, da Universidade Central da Catalunha, integra-se num projeto de luta contra o estigma na doença mental que aquela casa de saúde lançou em 2013, tendo como principal objetivo a inclusão daqueles doentes na sociedade.

A responsável da Casa de Saúde de S. João de Deus disse ainda que a sociedade também continua a alimentar o preconceito de que o doente mental "tem necessariamente alguma quota-parte de culpa" na sua doença.

"A sociedade tenta sempre encontrar culpa no doente mental, seja porque teve comportamentos menos adequados, seja porque tomou alguma decisão incorreta, seja por outra qualquer razão. É mais um preconceito", afirmou.

A Casa de Saúde de S. João de Deus funciona há mais de 85 anos e tem uma capacidade de internamento de 350 doentes mentais.

Em 2013, lançou um programa de combate ao estigma na doença mental, que já incluiu diversas ações de sensibilização junto da população e workshops reunindo utentes e população em geral, entre outras iniciativas.

"Os resultados têm sido muito positivos, porque temos vindo a conseguir desmistificar a doença mental e alguns preconceitos e estigmas a ela associados", adiantou Isabel Bragança.

Ressalvou, no entanto, que esta tem de ser uma luta "constante e inabalável", já que "ainda há muito a fazer".

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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