Especialista alerta

Estamos em risco de perder avanço muito significativo da vacinação

O professor jubilado da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Walter Osswald disse que há hoje um risco de se perder um “avanço muito significativo” em termos de prolongamento da vida pela falta de vacinação.

“É irresponsável pôr em dúvida e querer dizer que estas vacinas têm mais riscos ou têm menos riscos. Não há nada que não tenha riscos, até a água. Mas os benefícios são de tal maneira superiores aos riscos que, como em tudo na vida, se justifica correr um mínimo risco por causa de um grande benefício”, disse Walter Osswald, que na sexta-feira vai participar no encontro sobre vacinação do ciclo “Conversas com Ética” no Instituto de Bioética da Universidade Católica do Porto.

O antigo diretor do Instituto de Farmacologia e Terapêutica da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) sublinhou que o facto de haver quem opte por não vacinar os filhos coloca em causa o prolongamento da esperança média de vida, que se deve “aos avanços da medicina, mas fundamentalmente às vacinações, mais do que aos medicamentos”.

“Sabe-se muito bem que a difteria provocava mortes de crianças em idade escolar com sofrimento horrível por sufocação, uma coisa trágica. Isto é totalmente evitável”, afirmou Walter Osswald, referindo-se à doença que levou à morte de uma criança de seis anos não vacinada por escolha dos pais em Espanha, no primeiro caso detetado naquele país desde 1987.

O especialista em bioética recordou que “doenças como a difteria eram doenças muitas vezes fatais, ou doenças que eram provocadas por vírus e que depois davam encefalites, doenças gravíssimas, desapareceram”, sublinhando ainda que “ninguém vê escarlatina, já não há doentes com escarlatina”.

“Em muitos países vai-se assistindo a uma erosão progressiva do conceito da obrigatoriedade das vacinações. Na maior parte dos países há planos nacionais de vacinação, em Portugal há um plano excelente, que funciona bastante bem e que levou a uma enorme adesão e a um ganho em saúde extraordinário”, disse Walter Osswald.

O académico, agraciado com a Grã-Cruz da Ordem de Sant'Iago e Espada, lembrou que se criou, em particular nos Estados Unidos, o “mito” dos riscos da vacinação tríplice (difteria, tétano e tosse convulsa), “o que é um disparate completo” sem base científica.

“O resultado foi que milhares de pais têm recusado a vacinação e isso cria naturalmente um problema muito sério, não só para aquelas crianças, mas depois para toda a comunidade”, alertou o especialista.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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