Com doentes internados

Enfermeiros rejeitam responsabilidades na Urgência de Santarém

Os enfermeiros da Urgência do Hospital de Santarém decidiram recusar responsabilidades no atendimento aos utentes internados no serviço, como forma de protesto contra a "falta de profissionais", disse uma dirigente sindical.

O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) tinha dado à administração do Hospital de Santarém um prazo até terça-feira para a contratação de mais enfermeiros para o Serviço de Urgência, onde "faltam seis profissionais por turno", explicou a dirigente sindical Helena Jorge.

"No espaço onde funciona o Serviço de Urgência estão internados, em média, duas a três dezenas de doentes, principalmente do foro médico, pessoas dependentes e que aguardam internamento num qualquer serviço do hospital, mas que ali podem ficar durante vários dias", relatou.

São os enfermeiros do Serviço de Urgência, explicou, que "têm de assegurar este trabalho, além da sua obrigação efectiva para com as urgências do Hospital, numa situação insustentável, quer para os enfermeiros, pela falta de profissionais, quer para os doentes, que não têm a sua segurança garantida pela insuficiência de enfermeiros".

Indicando que, por turno, na Urgência do Hospital de Santarém, "faltam entre seis a oito enfermeiros", Helena Jorge afirmou que, para cuidar das pessoas dependentes que ali aguardam por transferência para internamento, seriam necessários "entre três a cinco enfermeiros".

"Hoje, no turno da manhã, nenhum enfermeiro do Serviço de Urgência recebeu os cerca de 20 doentes internados num chamado serviço ´fantasma` existente no espaço físico da Urgência", disse a dirigente sindical, afirmando que as responsabilidades da resolução do problema são do conselho de administração (CA) do Hospital de Santarém.

"O CA é que vai ter de assumir as suas responsabilidades, contratar mais enfermeiros, e, enquanto isso não sucede, transferir enfermeiros de outros departamentos para cuidar destes doentes, que é o que hoje já está a suceder", relatou.

"Os enfermeiros da Urgência não conseguem fazer, sozinhos, o seu trabalho e o que outros profissionais deveriam fazer, mas que não existem por falta de contratação de pessoal", vincou, tendo afirmado que "todo o Hospital de Santarém está em situação de ruptura", pela falta de 170 profissionais.

"Faltam cerca de 170 enfermeiros no Hospital de Santarém. O conselho de administração pediu autorização para contratar 90 e o Ministério da Saúde apenas autorizou 30, dos quais apenas dois chegaram às Urgências, um número manifestamente insuficiente", referiu.

Segundo a dirigente sindical, a Urgência tem, actualmente, "uma sobrecarga de trabalho em todos os turnos, manhã, tarde e noite", pelo que os enfermeiros, a partir de agora, só vão trabalhar no Serviço de Urgência e não para os outros".

"É num contexto de arrastamento deste problema que os enfermeiros decidiram dizer ´basta`", afirmou Helena Jorge.

A agência Lusa contactou o CA do Hospital de Santarém para obter uma reacção à posição dos enfermeiros, mas foi informada que ninguém estava disponível para prestar declarações.

 

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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