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Ébola: Sistemas de saúde fortes podem enfrentar surtos deste tipo

A solução para acabar com surtos de Ébola da amplitude do actual passa sobretudo pelo reforço dos sistemas de saúde, considera a Organização Mundial de Saúde, que há um ano anunciou oficialmente esta epidemia da febre hemorrágica.

De acordo com o último balanço da Organização Mundial de Saúde (OMS), divulgado na segunda-feira, a “maior e mais longa” epidemia de Ébola já matou 10.299 pessoas num total de 24.842 casos registados, essencialmente em três países da África Ocidental: Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa.

Marie-Paule Kieny, directora-geral adjunta da OMS para os Sistemas de Saúde e Inovação, defende num texto publicado no ‘site’ da organização que a resposta a surtos deste tipo está na criação de sistemas de saúde integrados e flexíveis “que possam reagir e de modo proactivo a qualquer ameaça futura”.

A agência das Nações Unidas tem feito avaliações sobre o que se passou em 2014 e uma das principais “lições” que retirou foi a de que “países com sistemas de saúde fracos e poucas infraestruturas básicas de saúde pública não podem defender-se” face a uma situação como esta.

“A evolução da crise sublinhou uma questão defendida frequentemente pela OMS: sistemas de saúde justos e inclusivos são a base da estabilidade social, resiliência e saúde económica”, indica um texto sobre “Resposta ao Ébola” divulgado na página da organização na Internet.

Segundo o mesmo texto, confirmou-se que a preparação para fazer face à doença, “incluindo um alto nível de vigilância de casos importados e a prontidão para tratar o primeiro caso confirmado como uma emergência nacional fez toda a diferença”.

Países onde houve uma boa vigilância, que tiveram apoio de laboratório e que agiram sem demora, como a Nigéria, o Senegal e o Mali, “foram capazes de derrotar o vírus antes de ele se instalar”, adianta a OMS.

Em relação às medidas de controlo da propagação da doença, a OMS assinala que nenhuma medida, por si só, é suficiente, “todas as medidas de controlo devem trabalhar em conjunto e em uníssono”.

São necessárias a detecção e o diagnóstico rápidos, os locais para isolar os infectados, um bom tratamento, o rastreio dos contactos que o doente teve, porque “a fraqueza de uma das medidas prejudica as outras”.

O que a experiência mostrou foi que subjacente ao sucesso de todas as medidas de controlo está o “envolvimento da comunidade”. “É o eixo de um controlo bem-sucedido”, refere a OMS no mesmo texto.

O surto iniciou-se na Guiné-Conacri no final de Dezembro de 2013, mas o vírus na sua origem só é identificado a 22 de Março, quando já regista 59 mortes. A 8 de Agosto a OMS declara-o "emergência de saúde pública mundial".

O modo como a agência das Nações Unidas especializada em saúde pública internacional reagiu ao surto da febre hemorrágica conhecida desde 1976 tem sido criticada.

A OMS afirma que se mobilizou “desde o início e a todos os níveis”, mas reconhece que a sua resposta à epidemia foi lenta e insuficiente.

Um comité independente encarregado de analisar a resposta da OMS deve apresentar as suas primeiras conclusões na próxima assembleia geral da organização em Maio.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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