E depois de um AVC?

A propósito do Dia Nacional do Doente com AVC, assinalado a 31 de Março, a Sociedade Portuguesa de Cardiologia alerta para a importância da reabilitação após um AVC. Segundo o SNS, a taxa de mortalidade por AVC diminuiu cerca de 39% entre 2011 e 2015, mas o número de doentes com sequelas tende a aumentar.
As doenças cardiovasculares lideram a lista das principais causas de morte no nosso país. No entanto, nas últimas décadas a mortalidade associada ao AVC tem vindo a diminuir, mas o número de sobreviventes que são deixados com sequelas tende a aumentar. A reabilitação, que segundo a OMS é “o uso de todos os meios necessários para reduzir o impacto da condição incapacitante e permitir aos indivíduos afetados a reintegração completa na sociedade” ganha, portanto, uma importância redobrada. É fundamental que os doentes vítimas de AVC consigam ganhar o máximo de funcionalidade possível para que possam regressar à rotina habitual, mas para atingir esse objetivo, é imperativo que existam equipas e infraestruturas preparadas para os receber.
O processo de reabilitação, tem início ainda no hospital com a ajuda da equipa multidisciplinar encarregue dos cuidados do doente. Médicos, enfermeiros e terapeutas deverão unir esforços, num objetivo último que é o da recuperação da pessoa, tendo em conta as suas limitações e auxiliando-a na adaptação à nova realidade.
Em Portugal, os cuidados de saúde prestados em unidades de reabilitação fizeram com que a mortalidade associada a esta patologia diminuísse 19% no ano que se seguiu ao episódio de AVC, reduzindo igualmente o grau de dependência e de incapacidade destas pessoas. A prevalência do AVC no nosso país, bem como a complexidade desta patologia e a prova de que as unidades de reabilitação são responsáveis pela melhoria do estado de saúde dos doentes, culminam na necessidade de criação de mais centros. Além do referido, o número de sessões de reabilitação comparticipadas não prova ser suficiente, o que significa que muitos portugueses se veem obrigados a deixar o programa a meio, dado que não possuem condições financeiras que o permitam concluir.
É fundamental, portanto, definir uma estratégia concertada, que permita a qualquer cidadão vítima de doença cardiovascular, o acesso a um programa de reabilitação.
O Programa Nacional para as Doenças Cérebro-Cardiovasculares 2017 definiu como objetivo para 2020, a redução da taxa de mortalidade por doenças do cérebro e cardiovasculares em pessoas com menos de 70 anos e aumentar, por sua vez, para 1800 o número de doentes sobreviventes a um AVC que tem acesso a cuidados especializados. Segundo este relatório, o número de óbitos registados em 2016 foi inferior ao registado 5 anos antes, o que poderá antever também um decréscimo no presente ano, significando a necessidade de criação de mais e melhores meios para programas de reabilitação.
O sucesso do trabalho de reabilitação vai depender:
- Da parte do cérebro afetada e da extensão da lesão;
- Do trabalho desenvolvido pela equipa de saúde;
- Da altura em que é iniciado o processo (de preferência, inicia-se o mais cedo possível);