4º Congresso da Associação Psiquiátrica do Alentejo

Diferença de género na saúde mental em discussão

A diferença de género na saúde mental em Portugal é o tema central do 4º Congresso da Associação Psiquiátrica do Alentejo – APA, que decorre entre os dias 4 e 6 de junho de 2015, em Serpa. O congresso, que conta com o patrocínio do Programa Nacional para a Saúde Mental da Direção-Geral da Saúde, analisa e discute as especificidades das várias patologias na saúde mental em homens e mulheres portugueses.

Homens e Mulheres são suscetíveis a diferentes patologias mentais e vivem-nas de forma diversa – na procura de ajuda e de tratamento. As mulheres manifestam mais perturbações de ordem depressiva e de ansiedade; os homens são mais atreitos a perturbações do controlo dos impulsos e adição. Enquanto especialistas, importa-nos ter uma perceção realista das especificidades das várias patologias na saúde mental em homens e mulheres portugueses, para trabalhar de acordo.

De facto, de acordo com o primeiro Estudo Epidemiológico Nacional de Saúde Mental, publicado em 2013, as mulheres apresentam um maior risco que os homens de sofrer de perturbações depressivas (2,30 para 1) e perturbações de ansiedade (2,89 para 1), enquanto os homens têm uma maior probabilidade de sofrer de perturbações do controlo dos impulsos (1 para 0,77) e de perturbações pelo abuso de substâncias (1 para 0,21).

Paralelamente, são as mulheres quem mais procura ajuda: 48,8% das mulheres procuraram tratamento, versus 27,6% dos homens em todos os tipos de perturbação psiquiátrica, apresentando também uma maior probabilidade do que os homens de terem um tratamento adequado.

Isto acontece mesmo quando o tratamento adequado é sob a forma de fármacos. Em 2013, por exemplo quase um quarto (23.4 %) das mulheres e um décimo (9.8 %) dos homens da população geral tinham tomado ansiolíticos, números que, no caso das mulheres, são os mais altos na Europa e, no caso dos homens, se encontram entre os três mais altos. As mulheres também são as que tomam mais antidepressivos, verificou-se em 13.2% junto do público feminino, enquanto os homens têm uma percentagem de 3.9%.

O tema a Diferença de Géneros na Saúde Mental em Portugal vai ser repartido por duas sessões. A primeira, com moderação do Dr. José Salgado e do Dr. Afonso Albuquerque irá contar com as análises sobre a vertente da Psiquiatria Forense, pelo Prof. Jorge Costa Santos; na Patologia da Sexualidade, pelo Dr. Allen Gomes; a Neurobiologia, pelo Dr. A. Santinho Martins; e na Hiperatividade e Défice de atenção pelo Dr. Rui Durval. A segunda sessão, moderada pelo Dr. Eurico Allen Revez, e pelo Prof. Pedro Gamito, vai versar sobre os problemas relacionados com o Uso de Substâncias, com uma análise da Dra. Graça Vilar; na Medicina Interna, pelo Dr. J. Marques Penha; e na Pessoa Cultural, pelo Dr. Manuel Sardinha.

A diferença de género na saúde mental dos alentejanos é tema de uma mesa específica, moderara pelo Dr. Luiz Gamito, em que o Dr. José Pacheco vai analisa Os poderes das Mulheres Alentejanas e a Prof.ª Dr.ª Glória Santos faz uma revisão d’As representações da doença mental na ficção de Manuel da Fonseca sobre o Alentejo. “A especificidade do povo alentejano da sua vivência e do seu contexto geográfico, social e cultural fazem com que tenha uma vivência diferenciada no que se refere à saúde mental. Espera-se que a mulher alentejana viva todas as vicissitudes do dia-a-dia estoicamente, só, no ambiente do lar, enquanto o homem tem a sua vida na comunidade masculina. Todos estes aspectos fazem com que a doença mental se manifeste e seja gerida de forma distinta, que nos importa analisar” explica o Dr. Luiz Gamito.

Fonte: 
Loyaladvsory
Nota: 
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