Hepatologista diz

Curas de hepatite C por tratamento são "uma história de sucesso"

O hepatologista Rui Tato Marinho considerou que os 107 doentes com hepatite C curados através do novo programa de tratamento “são os primeiros a chegar à linha da meta” e uma "história de sucesso".

Rui Tato Marinho, hepatologista do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, comentava assim em declarações os dados do Infarmed que indicam que há 107 doentes com hepatite C que ficaram totalmente curados através do programa de tratamento lançado em fevereiro, após meses de negociações entre o Governo e a indústria e de reivindicações de doentes e familiares, inclusive na Assembleia da República.

“No meu entender, isto é uma história de sucesso porque se conseguiu em seis meses pedir um medicamento para mais de seis mil pessoas com hepatite C. É quase único no mundo e em países com a nossa dimensão. Estamos a falar de mil pessoas por mês, entre médicos, Infarmed, ministério. Está tudo a fazer um esforço grande”, salientou o clínico.

No entender de Rui Tato Marinho, estes resultados só foram possíveis graças à aprovação rápida do medicamento, que permitiu começar e tratar os doentes.

“Estes mais de cem são os primeiros a chegar à linha da meta. Já temos resultados. Depois de três meses de acabarem o tratamento ficaram com o vírus negativo e para toda a vida. Estes foram os primeiros, mas acredito que dentro de quatro, cinco ou seis meses vamos ter alguns milhares curados. Calculamos que sejam à volta de 90%”, declarou.

De acordo com o especialista em hepatologia, os resultados correspondem ao que se conhecia dos casos clínicos e dos ensaios clínicos.

“Claro que vai haver sempre gente que não se cura, estamos a falar de 10 a 15%, por causa dos efeitos secundários que não estávamos à espera”, admitiu Rui Tato Marinho, lembrando que os doentes sujeitos a tratamento têm a doença há 20 ou 30 anos e a média de idade situa-se nos 50 a 55 anos.

“Alguns já tinham feito tratamentos com imensos efeitos secundários e sem eficácia. Haver 5 a 10% que não curam é espantoso. A investigação não parou”, sublinhou.

O especialista disse ainda que este programa é um modelo que pode servir para outras doenças a nível da organização dos sistemas de saúde.

“Contudo, as histórias não se repetem. É difícil aparecer um medicamento com uma eficácia deste teor para uma doença crónica. É difícil voltar a acontecer”, concluiu.

De acordo com uma nota do Infarmed, instituto que regula o setor do medicamento em Portugal, foram autorizados 6.815 tratamentos, dos quais 4.060 foram já iniciados pelos hospitais.

“Dos tratamentos finalizados, e após a necessária análise virológica efetuada 12 semanas depois, constatou-se que 107 doentes estavam curados e que apenas 2 foram reportados como não curados”, lê-se na informação do Infarmed.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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