Síndrome de Ingestão Noturna

Cuidado com os ataques de fome durante a noite

Atualizado: 
07/12/2018 - 18:08
Se acorda várias vezes durante a noite com fome e se “ataca” o frigorífico em busca de alimentos hiper calóricos, saiba que pode sofrer de um distúrbio alimentar.

Descrita pela primeira vez na década de 50, a Síndrome de Ingestão Noturna (também conhecida por Síndrome da Fome Noturna) caracteriza-se pelo excesso de fome durante o período da noite, insónia e sono fragmentado.

Estima-se que cerca de 25% da população obesa sofra deste distúrbio, responsável também pelo desenvolvimento de diabetes, hipertensão e aumento dos níveis de colesterol.

Este transtorno alimentar caracteriza-se, na realidade, por uma maior ingestão calórica durante o período noturno, a contar após as 19 horas. Vários estudos mostram que as pessoas que apresentam este distúrbio consomem mais de metade das calorias diárias recomendadas, entre as 22h e as 6h da manhã, e que acordam várias vezes durante a noite para ingerir alimentos.

Curiosamente, estas pessoas preferem alimentos muito calóricos, ricos em gorduras e com baixo teor de fibras. A explicação pode estar no facto deste tipo de alimentos – como é o caso do chocolate, por exemplo – conseguirem ativar de maneira mais eficaz os centros de prazer no cérebro.

Embora este distúrbio alimentar afete quer homens quer mulheres, algumas pesquisas demonstram que o género feminino é o que mais sofre com este transtorno, sobretudo entre os 20 e os 30 anos. Pode ainda surgir na infância e adolescência.

Por outro lado, sabe-se que está ligada a distúrbios do humor – registados em quadros de depressão ou ansiedade.

Apesar de ser mais comum do que imaginamos, ainda não se sabe ao certo o que a provoca. Sendo que, no entanto, têm sido registados distúrbios neuroendócrinos, relacionados com o ritmo circadiano (uma das funções deste sistema é o ajuste do relógio biológico, controlando o sono e o apetite) em pessoas que sofrem deste transtorno.

Estes distúrbios neuroendócrinos caracterizam-se sobretudo por níveis mais altos de cortisol plasmático durante o dia (comum nos transtornos relacionados com o stress) e níveis mais baixos de melatonina e leptina durante o período da tarde até meio da noite, responsáveis pelo aumento de apetite e pela necessidade de ingestão de alimentos mais calóricos.

A mudança do estilo de vida, que envolva hábitos alimentares saudáveis e prática de exercício físico, é essencial para o tratamento desta síndrome. Mas mais importante é reconhecer o problema, que passa despercebido a olhares menos atentos ou informados.

Mas não se assuste caso tenha ataques de fome súbitos, durante a noite, uma vez por outra! É que para se tratar de um distúrbio alimentar, o seu modelo de comportamento tem de ser o que aqui descrevemos, pelo menos há mais três meses.

No entanto, se quiser prevenir estes “ataques” saiba que:

  • Não deve saltar o pequeno-almoço;
  • Deve fazer várias refeições ao longo do dia;
  • Deve comer sempre dentro do mesmo horário;
  • Deve preferir alimentos com baixo índice glicémico, sobretudo à noite;
  • Deve evitar beber café depois das 18 horas ou fazer exercício físico antes de dormir;
  • Deve dormir, pelo menos, seis horas por noite, todos os dias.
Autor: 
Sofia Esteves dos Santos
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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