Em 2017

Centro de apoio à comunidade LGBT de Matosinhos superou os mil atendimentos

O Centro Gis, de respostas às populações LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Trans) criado pela Associação Plano i, somou mais de mil atendimentos em 2017, no seu primeiro ano de funcionamento.

Contando atualmente com 155 utentes, dos quais mais de metade são pessoas trans, a instituição de Matosinhos, distrito do Porto, foi na área da psicologia que mais sentiu a procura dos seus utentes, explicando a coordenadora Paula Allen que tal ficou a dever-se à "necessidade de encontrar uma estabilidade psicoemocional, para depois garantir o resto".

"Enquanto a pessoa não se sentir capaz de trabalhar as suas angústias e preocupações, não será capaz de conseguir o resto", acrescentou Paula Allen, antes de falar de um novo projeto, nascido a meio de 2017, e que consistiu na criação de grupos de terapia gays e trans.

"Nestes grupos, diferenciados, abrimos o espaço para que cada um, com pessoas que pensam da mesma forma, pudesse partilhar os seus problemas, escutando os dos outros, falando de temas como a saúde sexual e reprodutiva, a masturbação, o corpo e a autoconfiança, entre outros", descreveu a também psicóloga.

No Centro Gis, os utentes encontram respostas em áreas como a psiquiatria, endocrinologia, psicologia, além do apoio jurídico, numa oferta alargada com a entrada de voluntários que, "nomeadamente nas ações externas, ajuda nas campanhas de prevenção das doenças sexualmente transmissíveis", acrescentou.

Segundo a responsável, o Centro Gis foi uma das entidades cooptadas para o debate na Assembleia da República sobre a revisão da Lei nº7/2011, que, criticou, obriga, entre outras coisas, à necessidade de uma "pessoa trans ser avaliada por profissionais para obtenção de um relatório médico que ateste aquilo que ela sabe perfeitamente que é".

Paula Allen contesta ainda que o início do "procedimento médico só possa ocorrer aos 18 anos, o que leva a que a infância e, sobretudo, a adolescência sejam vividas em enorme sofrimento", mostrando-se convicta de que alteração da lei "seja ainda este ano", uma vez analisada pela subcomissão para a Igualdade e Não Discriminação da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.

Caso venha a suceder, explicou, "as pessoas trans deixarão de necessitar do relatório médico e a partir dos 16 anos poderão iniciar o processo medicamentoso por sua vontade".

O Centro Gis é um de vários projetos da Associação Plano i e o seu âmbito de atuação prioritário "é a violência doméstica e de género", integrando a rede nacional de apoio a vítimas de violência doméstica".

O nome do Centro Gis "homenageia Gisberta Salce Júnior, uma mulher imigrante brasileira, transexual, seropositiva, toxicodependente, trabalhadora sexual e sem-abrigo que foi assassinada em 2006 depois de brutalmente espancada e violada por um grupo de adolescentes no Porto", lê-se no comunicado do Eros Porto 2018 onde, a convite da organização, irá participar para a sensibilização sobre o tema.

 

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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