Associação RefCast não acredita que vespa cause redução da castanha em Portugal

“Globalmente, nós não sentimos que a vespa venha trazer uma quebra na produção de castanha. Há outros fatores que, neste momento, mais contribuem para a redução da produção e para aquelas variações anuais”, afirmou, à margem do III Simpósio Internacional da Castanha, que decorre durante três dias no Instituto Politécnico de Bragança.
No mesmo evento foi revelado que a praga foi detetada em 500 soutos do concelho de Vinhais, um dos maiores produtores portugueses. Ainda assim, o presidente da RefCast defende que há outros fatores que pesam mais na diminuição da produção como a falta de chuva ou a doença da tinta.
Há vários anos que a doença da tinta dizima soutos, apesar de, como disse, existirem soluções “para mitigarem, para prevenir e para as novas plantações”.
“Hoje é possível plantar novos castanheiros com resistência à doença da tinta”, sublinhou.
Relativamente à Vespa das Galhas do Castanheiro, afirmou que “está profundamente espalhada e com ataques fortes fora de Trás-os-Montes, nas áreas de território fora de Trás-os-Montes que produzem castanha”.
A Trás-os-Montes chegou no ano passado e “há zonas onde o impacto pode reduzir para metade a produção”, como reconheceu o presidente da RefCast, que entende, contudo, que a praga uma quebra a nível global na produção.
A associação surgiu há dez anos para “puxar pela fileira e pelos investimentos” e neste período constata que “a área da castanha aumentou e está numa fase muito de aceleração do aumento da plantação”
“Temos, atualmente, estima-se cerca de 35 mil hectares, o setor estima que se estejam a plantar mais de 200 mil castanheiros por ano”, indicou.
Há, porém, “uma dificuldade que é alimentar a fileira com castanheiros de qualidade para plantação”
“Este é um dos grandes problemas que nós temos, é uma das grades dificuldades, há a questão das doenças, das pragas que vão aparecendo, mas este também é um problema: a falta de castanheiro de qualidade”, considerou.
Esta realidade leva muitas vezes os produtores a adquirirem árvores para novas plantações sem o certificado de qualidade, nomeadamente recorrendo ao estrangeiro.
A RefCast estima que Portugal produza “na ordem das 45 mil a 50 mil toneladas de castanha”, o que “representa qualquer coisa na ordem dos 90 milhões de euros só em termos de valor de castanha pago ao produtor”.
Trás-os-Montes concentra “dos 80, 85% da área de produção de castanha” e é, segundo José Gomes Laranjo “talvez uma das regiões mais importantes do mundo em termos de castanha”.