Criada no Porto

Associação quer "tirar amputados de casa e mudar mentalidades"

Uma nova associação de apoio aos amputados portugueses foi criada há cerca de um mês, no Porto, com o “objectivo simples” de “tirar as pessoas amputadas de casa e mudar mentalidades, criando um colectivo de aceitação”.

Em declarações, a presidente da denominada Associação Nacional dos Amputados (ANAMP), Paula Oliveira, explicou que neste momento conta já com cerca de 40 associados, mas apelou aos amputados e suas famílias para que se juntem a este projecto.

“Neste momento, temos já três serviços para oferecer aos nossos sócios nas áreas da psicologia, jurídica e contabilística, são profissionais que estão a trabalhar pro-bono para a associação”, disse.

Para Paula Oliveira, “40 sócios é um número bom para quem começou há cerca de um mês”, mas admitiu que este é “um processo complicado, porque as pessoas querem-se associar e ter benefícios imediatos”.

“Claro que como estamos a começar ainda temos pouco serviços para oferecer, estamos a fazer uma campanha na Internet, temos um ‘site’ www.anamp.pt e uma página no Facebook, onde constam os serviços que já temos disponíveis e os protocolos que já estabelecemos”, acrescentou.

Paula Oliveira foi amputada há oito anos, na sequência de um acidente de viação e, desde então, foi-se apercebendo das “várias lacunas” que existem.

“Ainda no seio hospitalar senti uma falta de apoio moral muito grande, falta de apoio psicológico e de apoios técnicos, quando saí do hospital. Muitas vezes tive de procurar ajuda na internet porque não há ninguém que nos ajude nesse sentido. Decidi, ao fim de oito anos de amputação, que tinha que fazer alguma coisa para ajudar pessoas que estão a viver a mesma situação que eu”, explicou.

A presidente da ANAMP pretende “ajudar as pessoas amputadas que sentem algum pudor de sair à rua, de conviverem, de serem empreendedoras e de quererem ter um emprego, porque sentem vergonha de si”.

“Como eu decidi, ao fim de seis meses de amputação, aceitar-me, para viver e ser feliz, acho que tenho por obrigação fazer alguma coisa para ajudar essas pessoas, tentar mudar mentalidades e ajudar”, frisou.

Paula Oliveira foi amputada aos 34 anos. O acidente aconteceu quando colocava a sinalização de avaria do seu carro. Foi atropelada e esteve hospitalizada durante quatro meses.

“Tive avanços e recuos na minha reabilitação. Usava uma prótese que me magoava muito, sangrava muito. Fiz uma amputação abaixo do joelho, mas por decisão minha, em 2013, decidi avançar para uma reamputação mais acima para poder usar uma prótese com um joelho pneumático e, assim, ter melhor qualidade de vida”, contou.

Paula Oliveira lamentou que não existam em Portugal dados estatísticos oficiais sobre o número de amputados, mas a associação está a recolher dados junto de várias fontes, nomeadamente de hospitais, que lhes permita conhecer melhor a realidade.

“Sabemos que entre 2000 e 2010, dez mil pessoas fizeram amputação transtibial (abaixo do joelho). Se a estes juntarmos todos os outros amputados acima do joelho, ao nível da anca, dos braços e das mãos percebemos que se trata de um número considerável. As nossas estimativas apontam para a existência de cerca de 300 mil amputados em Portugal”, afirmou.

Segundo disse, “não existem dados oficiais no Instituto Nacional de Estatística, porque os amputados estão incluídos no grupo dos deficientes”.

Fonte: 
LUSA
Nota: 
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