Associação Nacional de Empresas de Bebidas Espirituosas desvenda:

5 Mitos sobre o álcool em Portugal

Atualizado: 
18/01/2019 - 15:32
A Associação Nacional de Empresas de Bebidas Espirituosas defende 18 anos como idade mínima para consumo de todas as bebidas alcoólicas e revela os cinco mitos associados ao álcool.
Mitos álcool

Mito 1: Em Portugal bebe-se muito na rua e de forma irresponsável
É com frequência que surgem nos meios de comunicação social informações relacionadas com o fenómeno do botéllon (garrafa grande, em espanhol) – consumo de álcool na rua e com a idade precoce que a nossa juventude se inicia no consumo de álcool. Em resposta a este tipo de comunicação, poderíamos pensar que em Portugal se consome muito álcool na rua e de forma irresponsável. Falso.

Conhecendo-se alguns fenómenos que estão circunscritos, não há dados sobre a dimensão do fenómeno do botellón – consumo de álcool na rua em Portugal.

De acordo com o último relatório da OMS sobre álcool e saúde (Global Status Report on Alcohol and Health 2014), que analisa o impacto do consumo de bebidas alcoólicas em mais de 200 países, a média de consumo de álcool em Portugal desceu de 14,4 para 12,9 litros per capita entre 2003 e 2010 (no entanto, continua acima da média europeia de 10,9 litros).

Por outro lado, quase metade da população portuguesa com mais de 15 anos (43%) revelou não ter ingerido qualquer bebida alcoólica nos últimos 12 meses. As mulheres (54%) estão em maioria. E 22,5% assumem ser abstémicos durante a vida inteira (as mulheres continuam a liderar, com 31,7%, contra apenas 12,6% dos homens).

O relatório da OMS adianta ainda que em Portugal o vinho é a bebida mais consumida, equivalendo a 55% do total de bebidas alcoólicas ingeridas no país. A cerveja (31%) e as bebidas espirituosas (11%) vêm atrás.

Por fim pode-se acrescentar que 80% do consumo de álcool em Portugal é feito através do canal HORECA (HOtel, REstaurante e CAfé), e só uma minoria é que se realiza na rua, apesar do fenómeno do botéllon.

Mito 2: Um gin tónico ou uma caipirinha tem mais álcool que um copo de cerveja ou de vinho
Parece lógico que um “gin tónico”, uma caipirinha, ou um caipirão tenham mais álcool do que apenas um copo de cerveja ou de vinho. É fácil encontrar pessoas que começam por dizer: "Eu não bebo álcool, apenas cerveja." Neste sentido, um pensamento aparentemente lógico, está errado.

Em primeiro lugar a qualidade. Não há álcool bom, nem álcool mau. Há bons e maus comportamentos. A verdade é que todas as bebidas alcoólicas (vinho, cerveja e espirituosas) contêm o mesmo tipo de álcool, o etanol. Não há diferença entre o álcool de um gin tónico, o de uma cerveja ou de um copo de vinho. Portanto, devemos eliminar a falsa crença popular de que há bom e mau álcool. O álcool é o mesmo.

Em segundo lugar olhemos para a quantidade. Um gin tónico, um copo de cerveja ou de vinho contêm, na sua medida de consumo habitual, a mesma quantidade de álcool. Uma das formas de avaliar o consumo de álcool é através da unidade de bebida padrão (a OMS define 1 unidade como 10g álcool puro), ou seja, é contabilizada uma unidade por cada 10 gramas de álcool ingerido.

Independentemente do tipo de bebida, a quantidade alcoólica entre cada uma é muito idêntica:

 

A OMS aconselha no âmbito de um estilo de vida saudável e equilibrado, como consumo de baixo risco: Até duas unidades de bebida por dia para mulheres;

Até três unidades de bebida por dia para o homem; Nunca mais de 4 unidades de bebida numa única ocasião.

Mito 3: A publicidade aumenta o consumo de bebidas alcoólicas
Já há vários anos que foram impostas restrições às bebidas alcoólicas para promover os produtos nos meios de comunicação. A ANEBE é co-autora do “Código de Boas Práticas na Comunicação Comercial das Bebidas Alcoólicas” (Expressão mais visível: “Seja responsável. Beba com Moderação. Veja como em bebacomcabeca.pt”)

É importante ressaltar que a publicidade a bebidas alcoólicas não se destina a incentivar o consumo, mas a aumentar a quota de mercado face à concorrência. A publicidade convencional afecta as quotas de mercado de marcas em competição entre si numa determinada categoria de produtos, e não o consumo total da categoria de produto, ou seja, a publicidade convencional tem implicações na escolha de uma determinada marca e não no aumento do consumo. É, portanto, uma questão de "dividir o bolo", e esta tarefa é mais difícil face às restrições indiscriminadas à publicidade de bebidas alcoólicas.

Tendo isto em consideração e a natureza do nosso país onde o consumo responsável de álcool é um elemento na vida cultural e social, e os estudos científicos que mostram que a publicidade só afecta as decisões de consumo dos jovens, existem outras influências importantes como os amigos. A salvaguarda para proteger as crianças e grupos de risco, deve ser a educação e a prevenção, e neste capítulo a indústria das bebidas espirituosas é quem tem mais campanhas activas (100% Cool, Beba com Cabeça, Serviço Responsável).

Na indústria de bebidas espirituosas a protecção à criança e aos jovens é um dos pilares da comunicação, incentivando-se o não consumo entre os menores de 18 anos. A promoção de marcas de bebidas espirituosas não é realizada em locais onde 70% do target não seja adulto e os modelos utilizados na sua publicidade não podem ter idade inferior a 25 anos.

A indústria das bebidas espirituosas defende leis iguais e justas para toda a indústria do álcool, destinadas a restringir a venda e o consumo de álcool a menores de idade (18 anos). Porque não há álcool bom e álcool mau, e para além das bebidas espirituosas, tanto o vinho como a cerveja têm teor alcoólico. Por outro lado, a publicidade não pretende aumentar o número de consumidores, mas aumentar a quota de mercado já existente, de modo que todos os sectores devem ser capazes de competir em igualdade de condições.

Mito 4: As bebidas espirituosas são importadas
Ao contrário do que se possa pensar, a indústria de bebidas espirituosas é um dos sectores com longa tradição em Portugal. Do Licor Beirão à Ginja de Óbidos e Alcobaça, do Moscatel de Setúbal à Amarguinha e ao Vinho da Madeira e Vinho do Porto.

As empresas produtoras de bebidas espirituosas são, em cerca de 80%, PME e empresas familiares.

O valor da produção nacional representa 35% do sector das bebidas espirituosas.

Somos um sector que contribui para gerar riqueza e emprego; não só na fase de produção, mas em toda a economia: distribuição, restauração, lazer... Um sector que está fortemente ligado ao turismo, um dos motores da recuperação económica e criação de emprego do nosso país. Somos o sector das bebidas alcoólicas que mais contribui para a balança comercial da União Europeia.

Mito 5: A mais aumentos de impostos sobre as bebidas espirituosas corresponde sempre maior receita
A indústria de bebidas espirituosas é uma indústria que garante receitas para o Estado, não importa como.

De facto, parece-se em momento normais, quanto mais em tempos mais difíceis, a uma “galinha de ovos de ouro”. Uma galinha que é cada vez mais depenada. É o que está a acontecer actualmente: apesar de um ligeiro aumento das receitas fiscais de 3% – imposto sobre álcool e bebidas alcoólicas – (€160M em 2012 para €173M em 2013) a realidade é que as receitas fiscais diminuíram 32% entre 2001 e 2013 (€247M em 2001 para €173M em 2013). Por outro lado, a taxa de imposto aplicável às bebidas espirituosas aumentou 43% entre 2001 e 2013.

O consumo de bebidas espirituosas tem como média estimada de 7% de todas as bebidas alcoólicas, no entanto representa 53% da receita do imposto sobre álcool e bebidas alcoólicas. Qual o motivo? Não se paga o mesmo por um grau de álcool de uma bebida espirituosa que o teor alcoólico de uma cerveja (vinho está isento do pagamento do imposto especial de consumo).

A galinha dos ovos de ouro é muito menos elástica do que muitos podem pensar, sendo que o Estado está criar através de mecanismos e de política fiscal uma vantagem competitiva para os nossos concorrentes.

Mais, à medida que a carga fiscal nacional sobre as bebidas espirituosas se vai afastando quer do nível da fiscalidade praticado em Espanha (já está cerca de 20% mais alta) quer da capacidade de consumo dos Portugueses, os consumos passam para as bebidas menos taxadas (que rendem menos ao Estado) ou para compras transfronteiriças (que rendem só ao Tesouro Espanhol). Portanto, o aumento de impostos nem sempre cumpre o objectivo de arrecadar mais receita.

Fonte: 
ANEBE
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico e/ou Farmacêutico.
Foto: 
ShutterStock