3 e 4 de setembro

XVI Congresso Nacional de Podologia: “É fulcral incluir os podologistas” nos cuidados de saúde primários

A Associação Portuguesa de Podologia (APP) reúne-se hoje, sexta-feira, dia 3, e amanhã, sábado, dia 4, naquele que é o XVI Congresso Nacional de Podologia, no Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões, no Porto.

“Este congresso demonstra a resiliência da podologia. Mesmo num contexto de dificuldades, em consequência da pandemia COVID-19, o congresso realiza-se com todas as condições de segurança e isso para nós é muito gratificante. Nestes dois dias pretendemos dar mais formação aos nossos podologistas para que a resposta aos nossos doentes seja mais diferenciadora, inovadora. Igualmente pretendemos que a podologia se afirme junto da sociedade clínica e científica, das sociedades médicas e também da população em geral, pois, quem ganha, é a saúde pública e a população em geral”, refere Manuel Portela, presidente da APP.

A iniciativa, dirigida a podologistas e que, este ano, reúne 200 participantes, junta à mesa especialistas de Portugal, Espanha e também EUA que vão debater novos conceitos, tratamentos e últimas inovações científicas nas áreas de Podiatria Infantil, Dermopodiatria, Podiatria Desportiva, Biomecânica e Ortopodiatria, Podiatria Clínica, Podiatria Cirúrgica e Pé Diabético.

Em parceria com a Universidade de Barcelona, a Podiatria Infantil é a primeira especialidade a merecer reflexão. “Vamos contar com a presença de duas professoras da Universidade de Barcelona que vão falar sobre o pé da criança, um tema muito especial e muito importante. É precisamente nos primeiros passos, quando se começa a gatinhar e andar, que devemos ter um olhar atento ao pé da criança”, antecipa o presidente da APP.

Segundo Manuel Portela, em Portugal, ainda existe “muito desconhecimento” sobre a importância do pé na idade infantil. “Ainda encontramos muitos casos que são negligenciados aos 10, 12, 14 e 16 anos. Quando é procurada uma resposta, fruto de alguma alteração, dor ou posicionamento menos correto, percebe-se que essa preocupação deveria ter existido mais cedo. Há ainda falta de consciencialização e educação quanto à problemática do pé infantil”, constata.

A Dermopodiatria será, por sua vez, debatida por “uma equipa multidisciplinar”. “A relação de proximidade entre podologia e dermatologia é fundamental para podermos dar uma boa resposta aos doentes. A podologia tem uma intervenção mais direcionada para a área do pé, e é importante que os podologistas saibam quais são os sinais e sintomas que têm, muitas vezes, origem a nível sistémico”, justifica Manuel Portela.

A sinergia entre podologistas e dermatologistas deve ser diária e contínua. “A psoríase é um exemplo do quão é relevante haver esta ligação. É uma patologia que tem forte atingimento a nível do pé e das unhas do pé, e que, muitas vezes, pode não ter mais nenhuma manifestação a nível do corpo humano”.

A Podiatria Desportiva será também, neste congresso, alvo de reflexão entre os especialistas nacionais. “Vamos ter uma mesa multidisciplinar que vai abordar novos conceitos e tratamentos na área da patologia do pé traumático e do desportista. Temos algumas inovações nomeadamente naquilo que é área da reabilitação e traumatologia do pé do desporto”, antecipa o presidente da APP.

Mestre em Biomecânica pelo Colégio de Medicina Podiátrica da Califórnia, EUA, o professor e médico norte-americano Kevin A.Kirby junta-se à iniciativa trazendo um olhar atualizado na área da Biomecânica, a qual está também em destaque. “Temos de perceber que o pé é o suporte do organismo humano e, portanto, qualquer alteração que possamos ter vai ter implicações e alterações a nível de postura e movimento humano”, lembra Manuel Portela.

Já no sábado, dia 4, as atenções dos especialistas nacionais e internacionais voltam-se para a Podiatria Clínica e o Pé Diabético.

“Em Portugal gastamos mais de 30 milhões por ano em amputações, estima-se que se gaste mais de 20 milhões de euros em tratamentos de feridas crónicas, úlceras e feridas crónicas do pé. A diabetes e o pé diabético são das causas de maior internamento e duração mais prolongada”, aponta o presidente da APP.

Para o podologista, a prevenção é determinante para o alcance de uma redução de custos que, diz, atingem “mais de 50 milhões de euros, por ano”.  “No que respeita a despesas diretas com o pé diabético falamos em mais de 50 milhões de euros por ano. Consegue-se reduzir estes custos com investimento na área da prevenção das amputações”, adverte sublinhando que “é prevenindo as amputações” que se consegue “melhorar a qualidade de vida do doente” e “evitar que venha a sofrer um grau de incapacidade de 70 a 80 por cento, e, que após uma amputação, o impedirá de ter uma atividade normal e laboral”.

Para Manuel Portela, a redução da taxa de amputações “é fundamental bem como o tratamento de úlceras do pé diabético”. “É preciso dar-se atenção aos doentes com diabetes, diagnosticar os pés diabéticos, classificá-los, criar vias verdes para tratar o pé diabético e criar consultas de podologia no SNS nomeadamente nos cuidados de saúde primários”.

Para Manuel Portela, a valorização da podologia, junto das entidades de saúde, governo e da sociedade na identificação dos podologistas, enquanto profissionais essenciais no sistema de saúde português, é necessária e urgente. “É fulcral incluir os podologistas nas consultas, ou criar consultas de podologia e multidisciplinares nos cuidados primários, para que os doentes diabéticos e com pé diabético possam ter uma resposta. Um doente com pé diabético não pode estar à espera de uma consulta no hospital durante um ou dois meses pois, até lá, ou é amputado ou morre! E esta é a realidade que temos no nosso país”.

O XVI Congresso Nacional de Podologia conta com a participação de Laura Perez Palma, Marta Vinyals, Orlando Monteiro da Silva, Osvaldo Correia, Liliana Avidos, Aida Moreira, Paulo Amado, Duarte Pinheiro, Kevin A.Kirby, André Maia Silva, João Martiniano, Ricardo Dias, Filipe Rodrigues, Luciana Garcia Santos, Liliana Sousa, Jani Magalhães, Cristina Cunha, Joana Ferreira, Helena Grenha, Esther Garcia-Morales, Miguel Oliveira, Elisabete Silva, Ivo Brochado e Manuel Portela.

Para mais informações: www.xvicongressonacionalpodologia.admeus.pt

Fonte: 
Miligrama
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
Foto: 
Associação Portuguesa de Podologia (APP)