Estudo

Uso de plataforma de gestão remota de doentes em diálise peritoneal associada a melhorias na qualidade de vida

Vários estudos internacionais mostram que a utilização de uma plataforma de gestão remota grandes benefícios para os doentes em diálise peritoneal automatizada (DPA). Além permitir a redução de falha técnica, os pacientes apresentam melhorias na qualidade do sono e revelaram sentir menos dor.

Num estudo retrospetivo com doentes em diálise peritoneal domiciliária na Colômbia, o uso da plataforma de gestão remota (telessaúde/ telemedicina) foi associado a uma redução de 56% de falha da técnica.

Noutro estudo realizado no Canadá, os dados revelam que 74% dos doentes que receberam terapêutica de hemodiálise expandida (HDx) relataram uma melhoria na qualidade de vida conseguida através de mais energia, melhoria do sono, apetite e/ ou dor reduzida. Estes estudos, entre outros, foram apresentados no âmbito do apoio ao intercâmbio científico durante o 57º Congresso Virtual ERA-EDTA, que decorreu entre os dias 6 e 9 de junho.

"Tendo em conta a pandemia da COVID-19, nunca foi tão importante para os doentes poderem realizar o tratamento de diálise em segurança e na sua própria casa, ou fazer uma terapêutica que dizem melhorar a sua qualidade de vida", referiu Laura Angelini, General Manager da Unidade de Negócio de Cuidados Renais da Baxter. “Embora os congressos médicos se tenham realizado em formatos virtuais este ano, continuamos a trabalhar juntamente com profissionais de saúde sobre a importância de continuar a partilhar estudos que contribuem para melhorar a nossa resposta às necessidades específicas dos doentes durante a pandemia”.

Os doentes que usam os sistemas de DPA com a plataforma de gestão remota de doentes são acompanhados pelos profissionais de saúde sem necessidade de sair de casa, já que os dados de tratamento de diálise domiciliária dos seus doentes são reunidos com segurança e automaticamente após cada sessão de DPA. Os profissionais de saúde podem atuar com base nessas informações e ajustar remotamente as configurações dos dispositivos no domicílio, evitando que os doentes façam deslocações para realizar tratamentos.

A falha da técnica é uma grande barreira ao alargamento do uso de DPA. O resumo, "Resultados Clínicos do Programa de Monitorização Remota de Doentes em Diálise Peritoneal Automatizada: Uma Experiência Colombiana", [Resumo #P1151] revela a promessa de melhorar o acesso à terapêutica domiciliária devido a uma redução relatada de 56% de falha da técnica em DPA nos doentes que usam a plataforma de gestão remota. O estudo retrospetivo e multicêntrico com 558 doentes decorreu na Colômbia entre 2016 e 2018. Cerca de 25% dos doentes incluídos neste estudo usavam a plataforma de gestão remota; os restantes doentes usavam um sistema DPA sem recurso a tecnologia de gestão remota. Não se registaram diferenças significativas nas taxas de peritonite entre os doentes incluídos no estudo.

O estudo "Hemodiálise Expandida (HDx) - Impacto nos Sintomas Relatados pelos Doentes" [Resumo #P1062] destacou dados sobre as melhorias auto-relatadas pelos doentes nas métricas de qualidade de vida em terapêutica HDx. O estudo de 12 semanas monitorizou as características dos sintomas de 23 doentes, duas a três vezes por semana. Biomarcadores laboratoriais, incluindo beta-2 microglobulina e cadeias leves livres, também foram recolhidos no início e após 12 semanas de terapêutica HDx. Os autores estratificaram o grupo de doentes com base nos seus sintomas basais em hemodiálise convencional (usando uma membrana de alto fluxo) e avaliaram a experiência dos sintomas dos doentes em HDx ao longo do tempo. Embora seja necessário dar continuidade ao trabalho para estratificar mais ainda os sintomas em relação aos resultados demográficos/ bioquímicos e aos resultados clínicos, 74% dos doentes envolvidos no estudo relataram melhoria em, pelo menos, uma métrica de qualidade de vida.

O dialisador inovador para HDx foi concebido para filtrar uma gama mais ampla de moléculas do sangue em comparação com outros filtros de hemodiálise convencionais, visando a remoção de médias e grandes moléculas (25 kDa a <60 kDa) que podem estar associadas à inflamação e risco cardiovascular em doentes com doença renal terminal (DRT)1,2,3. A sua inovadora membrana expande a gama de solutos removidos durante a diálise habitual, mantendo as proteínas essenciais a um nível limitado. Este perfil de início de corte e retenção único permite uma filtração mais aproximada da realizada pelo rim natural4,5.

Em resposta ao impacto que a COVID-19 está a ter na comunidade médica que continua a prestar cuidados de saúde, a Baxter também disponibilizou uma bolsa ilimitada para duas sessões especiais durante o ERA-EDTA sobre: “Situação Atual da COVID-19 na Europa, a Nível Global e na Nefrologia” e “Lesão Renal Aguda, Diálise e Transplante em Doentes com COVID-19”.

Referências:
1 Chmielewski et al. The Peptidic Middle Molecules: Is Molecular Weight Doing the Trick? Sem Nephrol 2014;34:118–34.
2 Neirynck N, et al. An update on uremic toxins. Int Urol Nephrol. 2013; 45:139-50.
3 Duranton F, et al. European Uremic Toxin Work Group. Normal and pathologic concentrations of uremic toxins. J Am Soc Nephrol. 2012 Jul;23(7):1258-70.
4 Boschetti-de-Fierro A, et al. MCO membranes: Enhanced Selectivity in High-Flux Class. Scientific Reports 2015; 5:18448
5 Zweigart C, et al. Medium cut-off membranes – closer to the natural kidney removal function. Int J Artif Organs 2017; 40(7):328-334  

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