INSA divulga resultados do estudo

Um quarto dos portugueses com níveis moderados a graves de ansiedade e depressão

Os resultados do estudo “Saúde Mental em Tempos de Pandemia (SM-COVID19)” indicam que cerca de 25% dos participantes apresenta sintomas moderados a graves de ansiedade, depressão e stress pós-traumático.

Coordenado pelo Departamento de Promoção da Saúde e Prevenção de Doenças Não Transmissíveis do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, em colaboração com o Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e com a Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental, o estudo SM-COVID19 visou avaliar o impacto da pandemia COVID-19 na saúde mental e no bem-estar da população em geral e dos profissionais de saúde, tendo em conta dimensões como ansiedade, depressão, stress pós-traumático, burnout e resiliência, entre outras.

De acordo com resultados deste trabalho, na população em geral, são sobretudo os jovens adultos e as mulheres que apresentam sintomas de ansiedade e de depressão moderada a grave. Já de entre os profissionais de saúde e também como esperado, são sobretudo aqueles que estão a tratar doentes com COVID19 que apresentam ansiedade moderada a grave (42%), sendo que é ainda neste grupo de indivíduos que os níveis de burnout (exaustão física e emocional) são mais elevados (43%).

No que se refere a outros grupos profissionais, destaca-se uma maior percentagem de indivíduos em burnout entre os profissionais em lares de idosos (43%), profissionais da área de atendimento ao público (e.g., comerciante, lojista, restauração, hotelaria, estética; 38%), e operários fabris (36%).

Na população em geral, em relação à situação face ao trabalho, ao rendimento e ao emprego, os dados do estudo indicam que são principalmente aqueles que têm um rendimento mais baixo (29%), bem como os que se encontram em situação de desemprego (39%) os que apresentam sintomas de depressão moderada a grave, de acordo com o escala de avaliação utilizada. No mesmo sentido apontam os resultados relativos a sintomas de ansiedade moderada a grave.

Outro dos resultados deste estudo sugere que as novas formas de trabalho, nomeadamente o teletrabalho não estão associadas a sintomatologia ligada a ansiedade e a depressão e 83% dos inquiridos afirmaram que algumas formas alternativas de organização do trabalho podem ser vistas como positivas (ex. teletrabalho).

Apesar das percentagens apresentadas relativamente às dimensões de saúde mental, os resultados do estudo SM-COVID19 indicam que cerca de um terço dos participantes revela um nível elevado de resiliência. São sobretudo os indivíduos a partir dos 50 anos (46%) bem como os empregados (41%) e os reformados (48%), com os homens a revelarem uma maior percentagem de resiliência elevada (43% vs. 36% nas mulheres).

Quanto a possíveis fatores de proteção, o estudo revela que a percentagem de indivíduos com ansiedade moderada a grave é mais baixa entre aqueles que conseguiram manter passatempos, hobbies e uma rotina diária (na hora de deitar, refeições, trabalho, etc.).

Ainda em relação à população em geral, no que diz respeito à expectativa face ao futuro após a pandemia, a maior parte dos indivíduos revela preocupação em não saber quando haverá um tratamento ou uma vacina eficaz (89%) e com a possibilidade de o país entrar numa crise económica muito grave (96%). Os participantes referiram ainda preocupação com o facto de não conseguirem recuperar o rendimento que tinham antes da pandemia (75%) e com o facto da sua forma de viver não voltar a ser a mesma que era antes (79%).

Apesar disso, mais de 40% do total de respondentes ao estudo SM-COVID19 sente-se otimista em relação ao futuro.

Os dados do estudo SM-COVID19 foram recolhidos através de um questionário online, que avaliou de forma estruturada as dimensões consideradas relevantes em Saúde Mental no contexto de pandemia, entre os dias 22 de maio e 20 de julho, tendo respondido 6079 participantes, dos quais 2097 são profissionais de saúde. A maioria dos participantes tem entre 30 e 59 anos de idade, é do sexo feminino e reside na área metropolitana de Lisboa (38,2%) e no Norte (26,6%).

Fonte: 
INSA
Nota: 
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