Ausência de diálogo e respostas

Sindicatos dos Enfermeiros agendam greve para a primeira semana de novembro

Paralisação será antecedida de uma concentração de enfermeiros em frente à Assembleia da República, no dia 28 de outubro, para reivindicar os direitos profissionais em causa e a entrega da petição que une os sete sindicatos nas reclamações da classe.

Os sete sindicatos representativos dos enfermeiros portugueses decidiram na madrugada de hoje avançar com uma greve nacional para a primeira semana de novembro, em data a anunciar posteriormente. A ação será precedida de uma concentração destes profissionais de saúde em frente ao Parlamento, no próximo dia 28, às 15 horas para reclamar o descongelamento da carreira e a avaliação de desempenho igual aos enfermeiros da Região Autónoma da Madeira, através da entrega de uma petição na Assembleia da República.

As decisões, nota Pedro Costa, presidente do Sindicato dos Enfermeiros, representam um endurecimento na posição de força da classe, mas “permitem não esgotar a disponibilidade para dialogar com o Governo”, mesmo depois da entrega do caderno reivindicativo da classe entregue a funcionários da tutela em setembro último, junto aos elevadores do Ministério da Saúde, “ter caído em saco roto”.

Em causa continuam questões como a integração imediata nos quadros das unidades de saúde de todos os enfermeiros com contratos precários, a avaliação de desempenho adequada a todos, a abertura de concursos para progressão na carreira e em todas as categorias, o pagamento de milhares de horas extraordinárias, a correção das desigualdades entre os dois regimes de contratação no SNS (RCTFP e CIT), e o reconhecimento do risco e penosidade da profissão (onde se enquadra, por exemplo, a reivindicação de reforma antecipada).

Mas, “acima dos interesses da classe está o próprio Serviço Nacional de Saúde e a qualidade de cuidados prestados atualmente pelos enfermeiros”, que, sublinha Pedro Costa, depois da “abnegação colocada ao serviço da população, por todos reconhecida, nos dois últimos anos”, durante as vagas pandémicas, “estão a entrar em esgotamento”, razão pela qual as taxas de absentismo em muitos hospitais estão a crescer, com equipas completamente exaustas, de norte a sul do país.

“O que estamos a ler, ouvir e ver todos os dias nas notícias são sintomas do muito que está mal e urge resolver já”, salienta o responsável sindical.

Os enfermeiros sentem-se, por tudo isto e por muito mais, “exaustos, desvalorizados e sobrecarregados com mais horas de trabalho, sem verem reconhecidas o risco e a penosidade da profissão”, acrescenta o presidente do SE.

A concentração em São Bento em 28 de outubro e a greve da primeira semana de novembro representam momentos de união muito importantes dos sete sindicatos representativos da classe, em torno de interesses comuns.

“Não queríamos ter que avançar com a greve, mas estamos a ser empurrados para isto pelo Governo, pela ausência de diálogo e respostas, que está a tornar a situação insustentável e a prejudicar a população que recorre ao Serviço Nacional de Saúde”, frisa Pedro Costa.

A decisão dos sindicatos dos enfermeiros aconteceu na noite de entrega do Orçamento de Estado de 2021, que prevê um reforço substantivo de dotação para o SNS. A informação é, no entanto, vista com cautela pelos sindicatos do setor.

“É positiva, a notícia, mas temos que perceber muito bem para que vai ser utilizada a verba. Se para resolver os problemas dos recursos humanos, se para destiná-la para infraestruturas e equipamentos… 700 milhões parece muito dinheiro, mas será pouco se for mal aplicado”, remata o presidente do Sindicato dos Enfermeiros.

 

Fonte: 
MS Impacto
Nota: 
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