Chumbo do Orçamento muda estratégia da estrutura sindical

Sindicato dos Enfermeiros desmarca greve anunciada para os dias 3 e 4 de novembro

O Sindicato dos Enfermeiros – SE desmarcou a greve agendada para os próximos dias 3 e 4 de novembro, por considerar que “chumbado o Orçamento de Estado para 2022 e a previsível marcação de eleições antecipadas para o início do próximo ano, esta é uma forma de luta que, neste momento, perde relevância”, salienta Pedro Costa, presidente do SE. Porém, o dirigente assegura que “tal decisão não desvia o SE um milímetro das suas principais reivindicações: o reconhecimento e valorização dos enfermeiros”.

No rescaldo da manifestação realizada ontem em Lisboa e depois de reunião entre todos os sindicatos dos enfermeiros, Pedro Costa explica que “a maioria das estruturas concordou que deixamos de ter um interlocutor com poder de decisão”. “Com o chumbo do Orçamento de Estado, é previsível que o primeiro trimestre de 2022 seja governado com recurso a duodécimos”, adianta. Tal significa, recorda, “que não pode ser gasto nem mais um cêntimo do que a verba gasta em igual período de 2021, o que inviabiliza, até aprovação de um novo orçamento, a satisfação das nossas reivindicações”.

Deste modo, adianta o presidente do SE, “este é o momento de os sindicatos recentrarem a sua luta”. “Queremos ouvir o que os partidos têm para nos dizer, de que forma pretendem valorizar a nossa profissão se forem empossados como Governo”, acrescenta. Pedro Costa acrescenta que “não bastam as finais da Liga dos Campeões, as palmas à janela ou os votos de louvor em eventos públicos”. “É fundamental que seja reconhecida, em letra de lei, a equiparação entre contratos CIT e CTFP, o pagamento dos milhares de horas extraordinárias ou a valorização da avaliação quantitativa dos profissionais de enfermagem”, adverte o presidente do Sindicato dos Enfermeiros.

“Os enfermeiros estão cansados de promessas, estamos desmotivados, exaustos após dois anos de uma exigência e dedicação brutais, onde desempenhamos um papel fulcral para ajudar a travar o crescimento da pandemia de COVID-19 em Portugal”, lembra. Pedro Costa salienta, também, que “a taxa de absentismo entre os enfermeiros está a crescer de forma significativa, porque muitos estão em risco de burnout”. Por isso, é “urgente ajudar os enfermeiros”, alerta este dirigente, que teme que a ocorrência de um período de Inverno muito rigoroso e exigente em termos de procura pelos serviços de saúde do SNS, “levem os enfermeiros à exaustão total e acabem por entrar de baixa, debilitando ainda mais os serviços que já de si estão deficitários de recursos humanos”.

Por tudo isso, o presidente do Sindicato dos Enfermeiros – SE diz não compreender como o Governo ainda em funções foi incapaz de querer resolver todos estes problemas, “quando até o vice-almirante Gouveia e Melo reconheceu que os enfermeiros foram o pilar do Serviço Nacional de Saúde nos últimos dois anos”. “Esperemos que haja maior disponibilidade do próximo Executivo”, frisa.

Fonte: 
MS Impacto
Nota: 
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Sindicato dos Enfermeiros