Sindicato denuncia falta de enfermeiros no Serviço Nacional de Saúde

O SITEU (Sindicato de Todos os Enfermeiros Unidos) revela que há cada vez menos enfermeiros no Serviço Nacional de Saúde. “Os concursos lançados pelo Governo para a contratação de enfermeiros estão a ficar desertos” e espera-se que a pandemia agrave ainda mais a situação.

A pandemia Covid-19 está a provocar o caos nos serviços, tendo já alastrado às IPSS, como lares, hospitais privados e cuidados continuados.

Gorete Pimentel, presidente da direção do SITEU, revela que “o défice de enfermeiros no Serviço Nacional de Saúde (SNS) é crónico e denunciado há muitos anos, mas o enorme afluxo de doentes nas últimas semanas está a tornar a situação impossível. Os enfermeiros estão a trabalhar horas intermináveis sem folgas, sem condições de proteção mínimas, expostos ao contágio. E a situação ainda vai piorar mais com a subida esperada de casos nas próximas semanas”.

O número de enfermeiros doentes com Covid-19 sobe todos os dias, o que deixa os serviços ainda mais depurados.

O SITEU denuncia as condições que o Governo está a oferecer para a entrada de novos enfermeiros, com contratos de 4 meses e a ganhar 6,42 euros por hora.

Gorete Pimentel questiona “quem quererá ir para o olho do furacão nestas condições, sem treino e sem equipamento de proteção? Numa altura em que não sabemos quando atingiremos o pico, quanto mais regressar á normalidade?”

Situação gravíssima nos Cuidados Intensivos

A presidente do SITEU lembra que “são necessários três a quatro meses para que um enfermeiro seja integrado numa unidade de cuidados intensivos. Estes tempos não estão a ser respeitados, e já há enfermeiros sem treino em unidades de cuidados intensivos. Há instituições que, apesar do grau de exigência de uma Unidade de Cuidados Intensivos, têm quatro enfermeiros para nove doentes em cuidados intensivos, não cumprindo com as dotações mínimas seguras, de dois doentes para um enfermeiro em situação normal sem necessidade de uso específico de EPI. Há ainda unidades de cuidados intensivos que não têm a área de coorte definida, os enfermeiros estão a vestir e a despir o EPI na área infetada, correndo um grande risco de infeção”.

“Os doentes em cuidados intensivos necessitam de um cuidado e vigilância especializados, com um conhecimento técnico científico ‘dominado’, existindo uma sobrecarga ainda maior agora com a Covid-19 por causa dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) que têm de ser vestidos e despidos de modo rigoroso para o enfermeiro não se infetar”, acrescenta Gorete Pimentel.

O SITEU salienta que apenas os enfermeiros que se encontravam em bolsas de reserva de recrutamento de concursos anteriores estão a entrar para as instituições, com a esperança de ficarem com uma renovação de contrato quando esta emergência nacional passar.

Para Gorete Pimentel “os enfermeiros que não estão nesta bolsa de recrutamento, e que têm agora a possibilidade de exercer a sua profissão, pensam duas vezes, se o devem fazer. Porque recursos materiais, conseguem-se, mas recursos humanos de mão-de-obra qualificada são finitos, e as máquinas não se ligam sozinhas. Os doentes internados, em qualquer tipo de instituição, não se cuidam sozinhos, necessitam sempre de cuidados de enfermagem. Desde o beber um copo de água até o virar-se na cama, desde a administração da medicação até à vigilância, e se esta surte o efeito pretendido, desde a prevenção e promoção do bem-estar e da sua saúde – são necessários enfermeiros”.

O SITEU exige ao Governo que contrate imediatamente enfermeiros para reforçar as equipas de saúde, pois mais tarde será tarde demais e não haverá enfermeiros nos hospitais. Para que os enfermeiros aceitem os contratos que lhes oferecem, o SITEU considera que são necessários incentivos que valorizem a profissão e reconheçam os riscos adicionais a que os enfermeiros estão expostos, nesta altura de pandemia, com turnos ainda mais exigentes, com maior rotatividade e a que acresce um ainda maior desgaste físico e emocional.

Fonte: 
BA&N
Nota: 
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