Procura de medicamentos naturais aumentou durante a pandemia

É uma das farmacêuticas mais antigas do país e precisamente na altura em que assinala 100 anos de existência, vê o país e o mundo lidar com uma forte crise sanitária. Chama-se ‘Raul Vieira, Grupo Farmacêutico’, tem uma estrutura familiar que vai já na quarta geração, sendo hoje liderada por duas das quatros bisnetas do seu fundador, que perante o cenário provocado pela COVID-19 imediatamente decidiram que aquilo que iam investir na festa de aniversário se iria transformar numa doação a uma unidade de saúde. O Hospital de Santa Maria, em Lisboa, foi a entidade escolhida. Depois de se terem destacado no setor das vacinas, soros de uso humano e veterinário, derivados de plasma e cosmética, a empresa aposta agora exclusivamente na medicina de biorregulação de origem natural.
Foi em 1999 que Margarida e Maria de Macedo, bisnetas de Júlio de Macedo, o fundador da ‘Raul Vieira, Grupo Farmacêutico’, assumiram a liderança da empresa. Nessa altura, e fruto de uma experiência pessoal na qual tiveram a possibilidade de confirmar os resultados muito positivos no tratamento de uma doença de um familiar, e na sequência de conseguirem um contrato com um dos mais prestigiados laboratórios alemães do setor para serem a sua representante em Portugal, decidiram apostar exclusivamente na comercialização deste tipo de soluções que, à data, eram ainda pouco conhecidas no país.
“Focámo-nos em promover novas opções terapêuticas baseadas nos processos biológicos de autorregulação e associadas à visão mais vanguardista da saúde e das ciências nas últimas décadas. Ou seja, o enfoque psiconeuroendocrinoimunológico”, explica Maria de Macedo. “A saúde é um investimento que requer tempo, compromisso e responsabilidade por parte de todos nós: empresas, portugueses e profissionais de saúde”, acrescenta. O tempo veio a dar-lhes razão.
“Tem-se registado um aumento da utilização deste tipo de opções terapêuticas, assim como se tem verificado uma aposta significativa de várias empresas do setor na introdução de medicamentos com estas características em diversas classes farmacoterapêuticas”, afirma Maria de Macedo. De acordo com a mesma responsável, “existem vários exemplos de medicamentos com base em componentes naturais com uma utilização muito significativa por parte da população portuguesa, seja em distúrbios gastrointestinais, seja na mitigação de estados de ansiedade, em distúrbios de sono ou ainda no domínio da inflamação e das doenças musculoesqueléticas”.
A pandemia da COVID-19 não só veio mexer no negócio – por um lado a introdução de novos medicamentos teve de ser adiada, enquanto as soluções já existentes no mercado que são adequadas à época, como as que se relacionam com o fortalecimento do sistema imunitário ou estados gripais, tiveram um significativo aumento de vendas – mas também com os planos que Margarida e Maria tinham para festejar os 100 anos da empresa. “De imediato decidimos que os recursos que gastaríamos em celebrar, seriam usados para fazer uma doação que se materializou na oferta de 2000 máscaras cirúrgicas e 250 litros de álcool gel ao Hospital de Santa Maria, em Lisboa”, refere Margarida de Macedo.
“A doação realizada pela ‘Raul Vieira, Grupo Farmacêutico’ ao Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN), E.P.E., - Hospital de Santa Maria – representa um ato de generosidade, de humanismo e solidariedade, tão imprescindíveis na nossa sociedade e que tem uma maior expressão e dimensão nos dias de hoje. Esta unidade hospitalar só tem de se congratular com tais gestos, que demonstram o reconhecimento da sociedade civil, para com os nossos médicos, enfermeiros e assistentes operacionais”, afirma Nuno Marcelino, Membro do Grupo de Avaliação das Doações do CHULN,E.P.E..
“Precisamente nesta época de pandemia, temos assistido a um regresso a muitos destes valores essenciais e até familiares, o que no nosso caso diz muito, visto sermos uma empresa familiar que vai já na quarta geração. Nasce uma maior solidariedade, espírito de entreajuda e passa a importar o que é realmente importante: as pessoas. E quando se tem a história de uma empresa centenária como a nossa, que atravessou tantos períodos conturbados, sabemos, está escrito na nossa memória genética, que também esta crise passará. Que ganhando umas vezes e perdendo outras, o mundo se equilibra. E as empresas também devem dar o exemplo”, sublinha Margarida de Macedo.
Na mira destas empresárias, continuam a estar as soluções terapêuticas o mais natural possível. “Em consonância com as autoridades e demais instituições de saúde em Portugal, temos procurado promover ao longo dos anos, junto dos diferentes intervenientes, soluções, comportamentos e medidas que contribuem e promovem uma saúde com mais qualidade em Portugal para que, sempre que possível, seja aplicada uma solução biorreguladora natural, evitando ao máximo a iatrogenia medicamentosa (doença, efeitos adversos ou complicações causadas por ou resultantes de tratamento com medicamentos), respondendo com efetividade a uma grande diversidade de patologias e quadros sintomatológicos tanto na perspetiva do tratamento como na perspetiva da prevenção”, conclui Maria de Macedo.