Privados da saúde cresceram 45% em dez anos e empregam quase 64% dos profissionais

Os dados mostram que o mercado de trabalho na área da saúde vive um dos períodos de maior expansão da última década. O setor da saúde humana e apoio social empregava 524,5 mil pessoas no 2º trimestre de 2025, o que representa mais 51,9 mil postos de trabalho do que em 2019, um crescimento de 11% em seis anos.
A subcategoria “atividades de saúde humana”, que inclui hospitais, clínicas e consultórios, continua a ser o principal motor do emprego na área da saúde, concentrando 62% do total.
Entre 2021 e 2024 registou-se um crescimento constante de profissionais em todas as categorias: os médicos e médicos dentistas apresentaram o maior crescimento percentual (+9%) indicando um investimento na especialização e nas áreas clínicas. Por sua vez, farmacêuticos e enfermeiros registaram crescimentos de 7%, o que, embora seja percentualmente menor, representa o maior aumento em termos absolutos. Assim, em 2024 existiam 63.965 médicos, 85.499 enfermeiros, 10.786 farmacêuticos e 12.490 médicos dentistas.
O número de profissionais de saúde a trabalhar por conta própria (trabalhadores independentes) tem vindo sempre a aumentar desde 2010, e em particular depois de 2018, ascendendo a 35,2 mil pessoas em 2024. Este facto mostra a predominância deste tipo de vínculo no funcionamento do setor da saúde em Portugal, que depende cada vez mais de profissionais liberais (médicos, enfermeiros e técnicos de diagnóstico e terapêutica).
O desemprego na área da saúde é residual e concentrado nos profissionais menos qualificados. Em agosto de 2025, estavam registadas 20.286 pessoas desempregadas na área da saúde, o equivalente a 6,7% do desemprego nacional.
A saúde é o setor mais feminizado da economia portuguesa: 82% dos profissionais são mulheres.
Maior parte do emprego no setor é oferecido pelos privados da saúde
O setor privado emprega 63,6% do total dos profissionais da área da saúde (284,8 mil trabalhadores por conta de outrem). Já o setor público é responsável pelo emprego de 163,3 mil pessoas (36,4% do emprego total do setor). Isto evidencia que, embora o setor público seja crucial para a prestação de serviços de saúde em Portugal, a maior parte do emprego (referente apenas a Trabalhadores por Conta de Outrem) é oferecido por entidades privadas.
O número de empresas ligadas à saúde e apoio social continua a crescer e registou uma expansão significativa na última década. Em 2023, existiam 118.558 entidades do setor da saúde, mais 2,2% do que no ano anterior e 45% acima do nível de 2013. Destas entidades, as que oferecem serviços na área da saúde humana representam 94,6% do total, mas o apoio social é o segmento que mais aumentou a base empresarial, impulsionado por microestruturas de proximidade e serviços domiciliários.
Salários dos profissionais da saúde aumentaram mais de metade na última década
A remuneração média na área da saúde atingiu 1.978 euros em junho de 2025, mais 18,7% do que no ano anterior e 54,8% acima dos valores registados em 2016.
Este é um dos aumentos mais expressivos de toda a economia portuguesa e coloca as remunerações do setor 13,6% acima da média nacional.
Esta evolução reflete a maior valorização das funções técnicas e clínicas, o impacto das políticas públicas de reforço salarial no Serviço Nacional de Saúde e o esforço das entidades privadas para reter profissionais num mercado com escassez de talento.
Na análise de Luísa Cardoso, Business Unit Manager responsável pelas áreas de clinical & life sciences da Randstad “o setor da saúde é hoje um verdadeiro pilar económico. A taxa de emprego e o aumento expressivo das remunerações revelam não apenas a relevância social do setor, mas também a sua capacidade de gerar valor e estabilidade. A valorização salarial, a recuperação do apoio social e a crescente presença privada são sinais de um setor em transformação, que precisa de continuar a investir em formação, retenção de talento e inovação organizacional. A escassez de profissionais, o envelhecimento da força de trabalho e o desequilíbrio de género são desafios estruturais, que exigem políticas ativas de qualificação, rejuvenescimento e maior diversidade no emprego.”
Para mais informações, consulte www.randstad.pt/randstad-research.