Projeto Europeu

Portugal participa no desenvolvimento de terapia inovadora antiveneno de cobra

Investigadores portugueses do iBET – Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica, participam no projeto europeu ADDovenom, que tem como objetivo desenvolver um tratamento inovador capaz de eliminar as toxinas dos venenos de cobras e víboras de forma eficaz, segura e acessível.

Com um financiamento de 3.6 milhões de euros atribuídos pela União Europeia ao abrigo da vertente de tecnologias futuras e emergentes (EU-FET), o projeto ADDovenom poderá vir a prevenir 100 000 mortes por ano provocadas por mordeduras de cobras venenosas.

Declarada pela Organização Mundial de Saúde como uma das doenças tropicais mais negligenciadas, as mordidas de cobra afetam todos os anos mais de 500 000 pessoas, sendo fatais para cerca de um quinto destas e debilitantes para as restantes. Devido à discriminação cultural existente em alguns dos locais mais afetados, os sobreviventes sofrem frequentemente de ostracização aumentando assim a carga humana e emocional associada à intoxicação por veneno de cobras.

O tratamento atualmente disponível, baseado na administração de soro de animais imunes às toxinas do veneno – frequentemente cavalos e ovelhas – possui uma baixa eficácia devido à diversidade de toxinas presentes nos venenos. Além disso, sendo que apenas 10 a 15% dos anticorpos presentes nos soros têm capacidade de se ligar às toxinas, é necessária a administração de várias doses para conseguir um tratamento eficaz. O aumento do número de doses aumenta também os custos do tratamento e o risco de efeitos colaterais adversos.

O projeto ADDovenom, coordenado pela Universidade de Bristol, irá desenvolver uma plataforma inovadora – ADDomer© – baseada em partículas semelhantes a vírus que tem uma elevada eficácia clínica. Esta nova modalidade terapêutica para o combate à intoxicação por venenos de cobras permitirá ainda o transporte e armazenamento em cadeias que não necessitem de frio, facilitando a sua distribuição em locais remotos, como as comunidades agrícolas da África Subsaariana, onde o número de ocorrências e mortes por este tipo de envenenamento é maior.

O papel do iBET no projeto é o de desenvolver uma plataforma compatível com as Boas Práticas de Fabrico capaz de produzir ADDomers personalizados com elevada qualidade e a baixo custo. Nas palavras de Paula Alves, CEO do iBET, “Os ADDomers têm o potencial de permitir o desenvolvimento de tratamentos inovadores para eliminar as toxinas em circulação. A relação de custo-benefício desta tecnologia poderá contribuir para diminuir o custo de produção e facilitar a logística associada, permitindo disponibilizar esta solução a países onde o número de mortes causadas por picadas de cobra e víbora é muito significativo”

Fonte: 
Lift Consulting
Nota: 
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