2022 Global Medical Trend Rates Report

Planos de Saúde vão custar mais 4% às empresas no próximo ano

As empresas portuguesas vão voltar a registar um aumento dos custos com planos de saúde no próximo ano. De acordo com o 2022 Global Medical Trend Rates Report da Aon, empresa líder mundial de serviços nas áreas de risco, reforma, saúde e pessoas, é expectável que estes custos venham a aumentar 4% em termos brutos em 2022, uma subida superior ao aumento de 1,2% previsto para a inflação em Portugal.

O intervalo entre as duas métricas encontra-se agora nos 2,8%, uma percentagem 1,2% superior em comparação com o período homólogo – ano em que os custos com planos de saúde disponibilizados pelas empresas aos seus colaboradores subiram 3% e a inflação 1,4%. Já a nível global, as projeções indicam que este gap se mantenha estável nos 5%, com os custos de saúde das empresas a aumentar 7,4% (face aos 7,2% de 2021), e a inflação 2,4% (em comparação com os 2,2% deste ano).

Segundo a nova edição do já conhecido estudo da Aon, ainda que os dois últimos anos tenham ficado marcados por uma redução da utilização dos planos de saúde pelos colaboradores derivada da pandemia de Covid-19 e os consecutivos confinamentos, existem diversos fatores que vão impactar a subida dos custos com a saúde para as empresas. São estes o envelhecimento da população, o declínio geral da saúde – em parte resultado da ausência de diagnostico e de acompanhamento para algumas situações clínicas consideradas “não urgentes” nos últimos dois anos –, estilos de vida pouco saudáveis – associados ao sedentarismo, stress e maus hábitos de nutrição – e o aumento da prevalência de doenças crónicas, fatores aos quais se junta agora uma outra realidade: o impacto a longo prazo que o adiamento das idas ao médico durante a pandemia terá nesta tendência de crescimento de custos.

Para Rita Silva, Senior Associate em HR Solutions da Aon Portugal, “na edição do estudo deste ano, verificamos que cerca de 60% dos países inquiridos reportaram níveis de utilização do plano de saúde por parte dos colaboradores inferiores ou muito inferiores aos níveis observados durante o ano pré-pandémico de 2019, e embora ainda haja alguma incerteza quanto ao impacto dos cuidados de saúde no longo prazo, espera-se um gradual retorno aos valores anteriores. De destacar que, na análise, a doença mental é considerada como uma das patologias a integrar o top 5 na Europa, o que pode ser visto como uma condição claramente agravada pela pandemia e pela forma como obrigou a uma adaptação forçada nos estilos de vida e de bem-estar, quer pelas horas de trabalho excessivas, pela dificuldade de separação do ambiente profissional e pessoal, pelo medo, ansiedade e incerteza gerados pelo contexto a que todos fomos expostos, ou até a situações mais extremas de solidão e vícios/dependências que se agravaram”.

Quando analisadas as tendências por região, a América Latina e Caraíbas destaca-se com o maior aumento dos custos de saúde face ao ano anterior, de 8.8% para 10.6%, o que revela uma aproximação aos dados registados no período de pré-pandemia. Em oposição, e a assinalar uma diminuição com os custos de saúde, encontram-se a região do Médio Oriente e África, que passou de 12% para 11.1%, e a América do Norte, que desceu de 7.0% para 6.6% – na edição do ano anterior esta foi a única região a registar um aumento efetivo dos custos com planos de saúde. Com uma tendência estável encontramos as regiões Ásia-Pacífico e Europa, a registarem 8.2% e 5.6% respetivamente.

O 2022 Global Medical Trend Rates Report apresenta também um conjunto de tendências ao nível dos planos de saúde empresariais. Desde logo, esta análise mostra que em termos globais as coberturas dos planos de saúde mais procuradas são as que estão relacionadas com a hospitalização (88%), os serviços clínicos de laboratório e de análises clínicas (83%), e os serviços médicos (74%). De referir que esta mesma análise no mercado nacional regista uma semelhança, com a hospitalização, serviços clínicos de laboratório e de análises clínicas e estomatologia a serem os mais procurados.

As projeções com os custos de saúde associados a cada patologia retratam uma situação muito idêntica em todos os países. A edição do Global Medical Trend Rates Report deste ano assinala que a nível global foram as condições cardiovasculares e cancerígenas, 65% e 64% respetivamente, seguindo-se das condições de pressão arterial elevada ou de hipertensão, com 56%, que registaram o maior custo nos planos de saúde. Na Europa destacam-se as doenças relacionadas com a doença mental (48%), o que vem mostrar o impacto que a pandemia estar a ter nas rotinas da população. O top 5 em Portugal regista ainda as doenças cardiovasculares, cancerígenas, diabetes, musculoesqueléticas associadas a problemas de costas e pressão arterial elevada ou hipertensão como as que mais contribuem para os custos dos planos de saúde empresariais.

No que diz respeito aos fatores de risco que determinam os custos associados ao plano de saúde empresariais verifica-se que os efeitos da pandemia tiveram um grande impacto na saúde dos colaboradores, nomeadamente os maus hábitos de estilo de vida que se deterioraram com os confinamentos. Quando comparados com o período homólogo, os fatores de risco que registaram uma subida significativa foram os que estão relacionados com a falta de exercício físico (62% vs 54%) e a incorreta gestão do stress (56% face a 47%). No que diz respeito a dados de Portugal, o top 3 dos fatores de risco são a falta de rastreio médico – fator que também pode ser associado à pandemia, devido ao adiamento de idas ao médico durante este período – a condição genética e o envelhecimento da população. Portugal tem vindo a tornar-se um dos países mais envelhecidos do Mundo – em linha com o que acontece também com outros países da Europa do Sul – o que traz um desafio acrescido para as empresas e para a sustentabilidade dos planos privados de saúde.

No sentido de mitigar o aumento dos custos dos planos de saúde, tem-se registado um aumento do número de empresas a desenvolver programas ligados à promoção da saúde e do bem-estar dos colaboradores. O Global Medical Trend Rates Report mostra-nos que a nível global iniciativas de bem-estar (86%) e planos de benefícios flexíveis (59%) são os modelos a ter em consideração, enquanto nos programas de bem-estar considera-se a estratégia de deteção, que comporta check-ups físicos (87%) e exames de oftalmologia (70%). Ao nível do bem-estar, ações relacionadas com promoção de alimentação saudável, atividade física (ambos com 72%) e controlo de peso (64%) são algumas medidas adotadas pelas empresas. A Europa apresenta valores em linha com estes resultados, com as iniciativas de bem-estar a liderarem, com 81%, assim como Portugal também regista estes programas no top 5, como forma de incentivar os colaboradores.

Fonte: 
Lift Consulting
Nota: 
As informações e conselhos disponibilizados no Atlas da Saúde não substituem o parecer/opinião do seu Médico, Enfermeiro, Farmacêutico e/ou Nutricionista.
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