Covid-19 em Portugal

Número de crianças e jovens internados tem vindo a aumentar

Segundo dados da DGS, no último dia de janeiro Portugal tinha 33 crianças internadas por causa da covid-19, duas nos cuidados intensivos. Desde dezembro, o número de doentes internados até aos 39 anos triplicou.

Citando dados da Direção Geral da Saúde, o jornal ‘Público’ avança hoje que Portugal tinha, no dia 31 de janeiro, 15 crianças até aos 9 anos internadas em enfermarias e uma em unidade de cuidados intensivos (UCI) por causa da covid-19. No mesmo dia, revela a publicação, outro jovem com idade entre os 10 e os 19 estava também em unidade de cuidados intensivos, numa faixa etária que tinha 16 internados em enfermaria.

Gonçalo Cordeiro Ferreira, diretor da pediatria do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central, onde está incluído o Hospital de Dona Estefânia, explica que como “aumentou a circulação do vírus” responsável pela covid-19, “as idades que apanhavam menos apanham mais”. Àquele diário, o médico esclarece que “houve um aumento global” e isso reflete-se nos números dos mais jovens: “Se é mais grave a doença, não. Se há mais número de doentes com critérios de gravidade, sim. Porque aumentou o número absoluto”.

Os números avançados também hoje pelo ‘Jornal de Notícias’ mostram uma tendência crescente nas faixas etárias mais jovens. A publicação faz saber que em apenas um mês, o total de internados com covid-19 aumentou quase 142%, subindo de 2.840 doentes para 6.869. Nos grupos etários mais jovens, até aos 39, o número de internados quase triplicou, aumentando 188% — de 76 para 219 —, revelam os números divulgados pela DGS.

Já se forem contados apenas os jovens entre os 20 e os 29 anos, o número de internados teve um aumento de 511%, dos 9 para os 55 internados.

“Comparativamente à primeira onda talvez existam infetados mais jovens, mas não são de maneira nenhuma o grupo prevalente", esclarece Fernando Maltez, diretor do Serviço de Infeciologia do Hospital Curry Cabral. O especialista destaca que o maior grupo de internados daquele serviço tem mais de 50 anos. Aliás, a média de idades é de 73 anos, e o maior número de doentes continua a estar "acima dos 80 anos”, diz.

Estes números, no entanto, têm de ser lidos com “muita atenção”, avisa Gonçalo Cordeiro Ferreira. É que algumas crianças internadas nas chamadas “camas covid-19” estão nos hospitais por outras doenças. No entanto, esclarece, citado pelo jornal público, “como tiveram um resultado positivo num teste para detectar SARS-CoV-2, tiveram de ficar numa cama dedicada à doença e num quarto de isolamento. Mas não têm doença covid-19”.

Fernando Maltez acrescenta que "alguns [jovens] não têm comorbilidades associadas, nem se conhecem antecedentes que façam pensar em risco aumentado para a infeção”: "até há data eram saudáveis”.

No primeiro dia do mês de fevereiro, o Hospital Dona Estefânia tinha nove crianças e jovens internados: “quatro, dos 0 aos 9, e outros quatro, dos 10 aos 19, em enfermaria; e um em cuidados intensivos, entre os 10 e os 17”, revela o ‘Público’. Na manhã do dia seguinte, havia já 11 internados, dez em enfermaria e um em cuidados intensivos. Destes 11, sete tinham a doença covid-19, incluindo o internado em UCI. Os restantes estavam internados por outras doenças, tendo, porém, testado positivo ao novo coronavírus.

“Isso significa muito concretamente que haver muitos internados com SARS-CoV-2 não quer dizer que seja uma manifestação da doença covid-19, é mais uma relação de casualidade do que causalidade”, explica Gonçalo Cordeiro Ferreira.

Fonte: 
SAPO24
Nota: 
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