Ensaio de fase 3

Novo tratamento à Covid-19 já está a ser testado no Reino Unido

Foi iniciado, no Reino Unido, um ensaio em grande escala de um novo tratamento que pode ajudar a impedir que doentes com Covid-19 desenvolvam doença grave. O primeiro doente recebeu o tratamento esta terça-feira.

De acordo com a BBC, que avançou com esta informação, este novo tratamento, desenvolvido no Southampton University Hospital e produzido por uma empresa de biotecnologia local, consiste na inalação de uma proteína chamada interferão beta, que o corpo produz quando contrai uma infeção viral. Os investigadores esperam que esta proteína estimule o sistema imunitário, preparando as células para que estejam prontas para combater os vírus.

Alexandra Constantin, de 34 anos, foi a primeira pessoa a receber o tratamento como parte deste novo ensaio, depois de ser internada, esta segunda-feira, com Covid-19.

O novo medicamento é uma formulação especial de interferão beta administrada diretamente nas vias respiratórias por meio de um nebulizador que transforma a proteína num aerossol.

A ideia é que a introdução direta de uma dose da proteína nos pulmões desencadeie uma resposta antiviral mais forte, mesmo em pacientes cujo sistema imunitário já está fraco.

Segundo faz saber a publicação, o interferão beta é habitualmente usado no tratamento da esclerose múltipla.

Ensaios clínicos anteriores, conduzidos pela Synairgen – empresa biotecnológica que esta a desenvolver este tratamento -, mostram que esta proteína pode estimular uma resposta imune, sendo altamente tolerável em casos de asma ou outras doenças pulmonares crónicas.

Segundo um ensaio realizado no ano passado, a probabilidade do doente Covid-19 desenvolver doença grave no hospital desce quase 80% com este tratamento. Além disso, os doentes apresentaram duas a três vezes mais probabilidade de recuperarem da infeção.

Por outro lado, avança a BBC, o estudo demonstrou ainda que o tratamento reduziu “significativamente” sintomas como a falta de ar e permitiu reduzir o tempo de internamento.

No entanto, este ensaio incluiu apenas 100 doentes, sendo necessário mais testes para que possa ser obter autorização.  

O ensaio que está atualmente a decorrer é classificado de fase três e envolverá 600 doentes em 20 países e espera-se que seja concluído no início do verão. Metade dos participantes receberá a proteína, a outra metade receberá o que é conhecido como placebo - uma substância inativa.

Se os resultados forem tão bons quanto os do ensaio anterior, os investigadores esperam que a autorização para o uso do medicamento em pacientes no Reino Unido e em outros países aconteça rapidamente

"Se obtivermos resultados positivos, esperamos avançar rapidamente para a produção em escala e distribuição do medicamento na prática clínica", disse o professor Tom Wilkinson, da Universidade de Southampton, à BBC.

Na sua opinião, o novo medicamento - se for eficaz - será um complemento às vacinas que estão a ser lançadas.

Fonte: 
BBC
Nota: 
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