Efeito protetor contra lesões renais

Novo estudo demonstra potencial de células estaminais do cordão umbilical para tratar doentes com lúpus

Melhoria da taxa de sobrevivência, proteção contra lesões renais, correção de desequilíbrios do sistema imunitário são alguns dos resultados positivos descritos. Abre-se uma porta de esperança para milhares de doentes que não respondem aos tratamentos disponíveis ou sofrem com os seus efeitos secundários.

A aplicação de células estaminais do cordão umbilical alcançou resultados positivos num modelo animal de Lúpus Eritematoso Sistémico (LES), segundo um estudo recentemente publicado na revista científica Stem Cell Research & Therapy. A melhoria na taxa de sobrevivência, o efeito protetor contra lesões renais e a capacidade para corrigir desequilíbrios do sistema imunitário foram alguns dos efeitos benéficos reportados.

Caracterizada pela presença de anticorpos contra o próprio organismo (autoanticorpos) que habitualmente conduzem à lesão de diversos órgãos, esta doença crónica de natureza autoimune afeta vários milhares de portugueses, manifestando-se geralmente entre os 16 e os 49 anos. Apesar de existirem fármacos atualmente disponíveis para o tratamento dos sintomas – como lesões cutâneas e dor e inflamação nas articulações -, e também para a indução da remissão e prevenção dos períodos de agudização da doença que normalmente se verificam, há doentes que não respondem adequadamente a estes tratamentos.

Adicionalmente, o facto de os efeitos secundários dos medicamentos utilizados levarem frequentemente à redução da qualidade de vida dos doentes torna urgente a procura por alternativas terapêuticas mais eficazes e seguras para estes casos. Nesse sentido, a administração de células estaminais mesenquimais do cordão umbilical, conhecidas pela sua capacidade de regulação do sistema imunitário, constitui uma das abordagens em investigação.

“O potencial das células estaminais do cordão umbilical para o tratamento de LES tem vindo a ser demonstrado ao longo da última década e foi uma vez mais evidenciado no estudo agora publicado”, explica Bruna Moreira, investigadora do Departamento de I&D da Crioestaminal.  “Aguarda-se agora a realização de ensaios clínicos que permitam avaliar a utilidade desta abordagem terapêutica em doentes com lúpus, nomeadamente nos que não respondem adequadamente às terapêuticas convencionais”, sublinha.

Durante este estudo, observou-se, nos animais que receberam o tratamento, uma melhor taxa de sobrevivência, normalização do volume do baço e diminuição significativa da quantidade de autoanticorpos no sangue, comparativamente aos animais que não receberam. Verificou-se, ainda, que a administração de células estaminais do cordão umbilical esteve associada a uma redução da inflamação e melhor funcionamento dos rins, indicando um efeito protetor contra lesões renais, uma das manifestações da doença que pode causar sérios problemas aos doentes.

O artigo debruçou-se também sobre os mecanismos relacionados com os efeitos benéficos das células estaminais mesenquimais do cordão umbilical em modelo de LES, tendo concluído que estas são capazes de corrigir desequilíbrios do sistema imunitário através do aumento da concentração de um tipo específico de células do sistema imunitário, designadas células B reguladoras.

Fonte: 
BCW Global
Nota: 
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Foto: 
Royal Queen Seeds